Novara foi durante muitas décadas a capital do hóquei italiano. O Hockey Novara acabou por ser extinto em 2009, depois de conseguir mais de 30 Campeonatos transalpinos, criou-se uma nova equipa, mas agora a imagem funciona mais pela fama do que pelo projeto. Foi nessa cidade que o Sporting ganhou a primeira mão da final da Taça das Taças de 1991, naquela que seria a quinta conquista europeia do hóquei em patins leonino (7-6, seguido de um 5-2 na Nave de Alvalade). E foi nessa cidade que o quinto reforço da equipa de futebol começou a subir a pulso na carreira.
Mas tal como essa equipa comandada por José Carlos não era favorita (longe disso, ou não tivesse o Novara metade da seleção italiana que foi a três finais seguidas de Europeus e duas de Mundiais na década de 90), também o trajeto de Bruno Fernandes tinha tudo para não correr bem. Nascido na Maia, começou a jogar futebol no Infesta antes de passar para o Boavista, onde tão depressa ficava nos plantéis como era cedido ao Pasteleira por empréstimo. Em 2012, “um pouco do nada”, como o próprio reconheceu, surgiu a hipótese de rumar a Itália.
“A oportunidade de ir para Itália foi um bocado estranha: o empresário foi chamado para ir ver outro jogador e escolheu-me a mim. Gostou de mim, quis ficar comigo e conseguiu rapidamente que o Novara me contratasse. O outro acabou por não ir, mas também ainda era apenas um jogador só para ser avaliado”, explicou o médio ao Maisfutebol em 2016. Cinco anos depois, regressa ao Campeonato Nacional e logo pela porta de um ‘grande’ como tanto ambicionava.
A confirmação oficial da ida de Bruno Fernandes para o Sporting chegou sem surpresas esta terça-feira: o médio português foi contratado a título definitivo pelo Sporting à Sampdoria, equipa da liga italiana de futebol. Segundo o site oficial do Sporting, o atleta assinou um contrato válido por cinco épocas desportivas, com uma cláusula de rescisão fixada nos 100 milhões de euros. O valor da transferência, segundo a informação do Sporting, é de 8,5 milhões de euros mais 500 mil euros variáveis, aos quais acresce o mecanismo de solidariedade. A Sampdoria fica detentora de 10% de mais-valia futura.
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A alcunha de “Maradona de Novara” e as lições do professor Di Natale
O Novara acabou por descer de divisão nesse ano de 2012, mas, mesmo nos juniores, não voltou atrás. E bem: subiu aos seniores e impressionou tanto que, logo em 2013, quando já lhe chamavam na imprensa local o ‘Maradona de Novara’. A Udinese foi mais rápida e, a troco de 2,5 milhões de euros, assegurou a sua contratação. Começou a ser titular, marcou, chegou às seleções nacionais mais jovens. Em pouco tempo, apesar de um período inicial em que esteve para ser emprestado a outro conjunto italiano para rodar, era uma das maiores figuras da formação de Udine, ouvindo elogios e críticas da maior referência da equipa, o avançado Di Natale.
“O Bruno Fernandes irrita-me porque é jovem e é o que tem mais qualidade entre todos nós. Tem uns pés incríveis, mas às vezes acomoda-se durante os jogos”, disse o antigo melhor marcador da Serie A. “Acho que se referia ao facto de eu não pegar mais na bola, ter mais jogo e continuar a levar a equipa para a frente. Queria que mantivesse esse tipo de jogo do início ao fim e isso nem sempre acontecia. Às vezes por culpa minha, outras pela equipa. Acho que é normal. Ainda bem que me o disse e que me ajudou também a evoluir nesse aspeto, porque sinto que ultimamente tenho estado melhor relativamente a isso”, admitiu, entre elogios a uma referência com quem aprendeu “a postura do corpo, a maneira como apoiar o pé e certas coisas que às vezes não fazemos caso e são muito importantes”.
No último ano, o fã de Rui Costa assumiu a camisola número 10 da Sampdoria, com um total de 35 jogos oficiais (22 no Campeonato, dois na Taça) e cinco golos. Participou na fase final do recente Campeonato da Europa Sub-21, tendo marcado um dos golos no triunfo frente à Sérvia. Falhou o último jogo, com a Macedónia, por castigo. Antes, esteve também nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, onde Portugal ficou pelos quartos-de-final.
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Agora, perante a possibilidade de saída de Adrien e até pela polivalência que apresenta em campo no modelo de Jorge Jesus (pode jogar como ‘8’, na posição de capitão, aproveitando a capacidade de construção; como segundo avançado, atrás de Bas Dost, para potenciar a boa meia-distância; ou como falso ala esquerdo, um pouco como Bryan Ruíz, jogando nos movimentos entre linhas mais interiores para dar espaço ao lateral), Bruno Fernandes foi um dos primeiros pedidos do técnico. Durante a última semana, falou-se num montante de nove milhões de euros, que ficaram pelos 8,5 milhões mais 500 mil de variáveis, o que constituiu o segundo maior investimento de sempre do clube, apenas atrás de Bas Dost.
“O meu futuro irá resolver-se agora. Vou para Portugal e terei uma reunião com o meu empresário assim que chegar. Veremos se as propostas são favoráveis. Sporting? Sempre disse que seria uma grande orgulho representar um ‘grande’, sobretudo para mim que nunca tive a oportunidade de jogar em Portugal. O Sporting é um clube muito grande, com grande história e teria um enorme prazer e orgulho em representar o clube“, referiu o médio de 22 anos após o final do Campeonato da Europa Sub-21, na Polónia. A hipótese ficou mesmo confirmada.
A maior cláusula de rescisão em Portugal
“Trabalho muito ao nível de objetivos. Na próxima temporada, pretendo ultrapassar o número máximo de golos que já atingi numa época [cinco]. Nunca estive numa equipa grande e isso conta muito. Desta forma, no Sporting, espero fazer golos e assistir os meus colegas. Quero aprender cada vez mais, sobretudo com Jorge Jesus. Tem realizado ótimos feitos em Portugal e é reconhecido pelo Mundo fora“, sublinhou em declarações ao Jornal Sporting.
“Para mim, é uma oportunidade importantíssima jogar num clube com a grandeza do Sporting. A escolha foi fácil, até por saber que me queriam tanto. Estou ansioso por pisar o relvado do Estádio José Alvalade e ouvir o apoio destes adeptos”, complementou, nas primeiras impressões de leão ao peito.
Bruno Fernandes ficará também com a maior cláusula de rescisão em Portugal: 100 milhões de euros, acima da “fasquia normal” que o clube costuma introduzir nos jovens promissores (60 milhões). A título de curiosidade, só houve um jogador no Campeonato Nacional com este valor no contrato: Hulk, que saiu para o Zenit por 60 milhões.
O Bruno acha que dá… ???? #BemVindoBruno pic.twitter.com/g2MsynuXaT
— Sporting CP ???? (@SportingCP) June 27, 2017