Luís Marques Mendes disse esta noite que “mais alguns” secretários de Estado irão abandonar o Governo, além dos três que apresentaram este domingo o pedido de exoneração. Serão, explicou Marques Mendes, saídas por “razões pessoais”. No seu habitual espaço de comentário na SIC, o antigo presidente do PSD avançou que se trata de secretários de Estado “cujas saídas já estavam anteriormente previstas”.
A saída dos vários governantes (os três que pediram a exoneração e mais alguns, Marques Mendes não avançou o número) não irá acontecer para já, mas apenas a partir da próxima semana, depois do debate sobre o estado da nação. Marques Mendes sublinhou ainda que não haverá uma grande remodelação ao nível ministerial. Será apenas uma “mini-remodelação” com saídas de secretários de Estado.
No entanto, o comentador considera que uma remodelação do Governo será inevitável a longo prazo. Poderá acontecer, por exemplo, depois das autárquicas, uma vez que agora o primeiro-ministro está a ser pressionado pela oposição para o fazer. “Claro que nenhum primeiro-ministro gosta de remodelar”, explicou Marques Mendes, sublinhando que “especialmente sob pressão da oposição” o Governo não irá fazer remodelação.
Para Marques Mendes, “falta um número dois neste governo”. Sublinhando que Augusto Santos Silva “é um excelente ministro dos Negócios Estrangeiros”, o comentador afirma que “não preenche o lugar de número dois”, precisamente por ser MNE e não se poder “envolver numa série de assuntos de natureza interna”.
Relativamente aos três secretários de Estado que este domingo pediram a exoneração, Marques Mendes garante que “tiveram uma atitude correta e digna”. “Eu na altura critiquei essas atuações [as viagens a França]. Achei que os secretários de Estado não deviam ter ido nessas condições”, recordou Marques Mendes, avisando, contudo, que “isso não configura um ilícito”. “Uma coisa é a questão política, outra é a criminal”, detalhou.
“Já havia outras pessoas a serem ouvidas como arguidas, nomeadamente chefes de gabinete”, explicou Marques Mendes. Por isso, “os secretários de Estado resolveram antecipar-se e tomar a iniciativa de pedir a constituição como arguidos”. Marques Mendes destacou ainda que “manda a verdade que se diga que são bons secretários de Estado”.
Pedrógão Grande e Tancos: “O Estado falhou duas vezes em poucos dias”
Marques Mendes aproveitou ainda o seu espaço de comentário para criticar a atuação do Governo no incêndio de Pedrógão Grande e no furto de material de guerra em Tancos. “O Estado falhou duas vezes em poucos dias”, afirmou o comentador, sublinhando a incapacidade do Estado em “evitar perda de vidas” e em “guardar o seu armamento” e a descoordenação evidente dos organismos responsáveis pela resposta.
O antigo líder do PSD destacou também a “impunidade” registada nos dois casos. “Acho que já devia ter rolado uma cabeça, a da ministra da Administração Interna, que pode ser muito simpática e popular, mas falhou”, começou por considerar, acrescentando que algo semelhante deveria ter acontecido no caso de Tancos.
“Perante uma situação grave como esta, o Chefe do Estado-Maior do Exército devia ter feito duas coisas: ou pedia a demissão ou colocava o seu cargo à disposição. Não é que tinha culpa, mas é o responsável máximo. Segundo, devia ter mandado fazer investigação para ver em que situações ocorreu. A haver demissões, seria mais tarde e não antes. Fez tudo ao contrário do que devia”, afirmou Marques Mendes.