O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, assume — em entrevista esta segunda-feira ao The Guardian — que na sua governação cometeu “grandes erros“. Tsipras critica ainda o seu antigo ministro das Finanças, Yannis Varoufakis, dizendo que este “está a tentar reescrever a História”, e deixa o aviso: “Talvez chegue o momento em que certas verdades serão ditas (…) quando chegarmos ao ponto de analisar o que ele apresentou como plano B, que era tão vago que nem valia a pena discutir. Era simplesmente fraco e ineficaz.”
O chefe do Governo grego desmistificou ainda a ideia de que Varoufakis — que foi ministro durante menos de seis meses, demitindo-se a 6 de julho de 2015 — seja um grande opositor do ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble. Afinal, diz Tsipras, Varoufakis admirava o homólogo alemão. “Eu acho que [Schäuble] é o alterego dele. Ele adora-o. Ele respeitava-o e ainda respeita muito”.
Alexis Tsipras diz ainda, na mesma entrevista, que a saída do euro e, por arrasto, da União Europeia, nunca esteve em cima da mesa. Nem nos momentos mais difíceis. E questiona: “Sair da Europa e ir para onde … para outra galáxia?” Tsipras lembra ainda que “a Grécia faz parte da Europa”: Sem ela, como seria a Europa? Perderia uma parte importante de sua História e do seu património “.
O primeiro-ministro grego destaca que “a economia está a crescer”: “Lentamente, lentamente. Mas o que ninguém acreditava que poderia acontecer, vai acontecer. Vamos tirar o país da crise (…) e é isso que, no final, será julgado [pelos gregos]”
A prioridade de Tsipras é recuperar a soberania económica, daí que aponte que o “grande avanço” para o país “ocorrerá em agosto de 2018, quando, após oito anos, a Grécia sair do programa de assistência e da supervisão internacional”.
O primeiro-ministro grego, do partido da esquerda radical Syriza, já está há dois anos e meio a chefiar os destinos do país. Nos oito anos desde que começou a crise, ninguém aguentou tanto tempo. Tsipras assume que, quando chegou ao Governo, “não tinha experiência, nem noção de quão grandes seriam as dificuldades no dia-a-dia”. Por isso, assume: “Cometi erros, grandes erros”. Em quê? Por exemplo, “na escolha de pessoas para lugares-chave“. Parecia, também aqui, uma farpa dirigida a Varoufakis. Mas questionado, pelo jornalista do The Guardian, sera uma referência ao antigo governante do seu executivo, Tsipras respondeu que não.
Tsipras sabe que, para cumprir o programa de assistência internacional, não conseguiu aplicar o programa eleitoral que submeteu a votos perante o povo grego — foi o caminho para “sobreviver”, explica. Mas, mesmo assim, está tranquilo: “Se for à rua e perguntar sobre o governo, muitos podem dizer ‘mentirosos’, mas ninguém vai dizer que somos corruptos ou desonrosos ou que colocámos a mão no pote de mel“.
Se Tsipras cumprir o mandato até ao fim, as próximas eleições na Grécia são em meados de 2019.