Quando, há duas semanas, centenas e centenas de adeptos do Ajax fizeram uma emotiva manifestação à porta de casa de Abdelhak Nouri para apoiar o jogador e os seus familiares (que contou com os companheiros de equipa no meio da multidão), percebeu-se bem o impacto da tragédia que se tinha passado com o médio holandês junto de todos aqueles que o rodeiam. Appie, como também é conhecido, era um menino querido do conjunto de Amesterdão e um exemplo daquilo que o clube ambiciona num mundo romântico que se tem vindo a extinguir no futebol mundial: um talento promissor, um jovem bem formado, uma pessoa que vai preparando o seu futuro para além da carreira profissional no desporto. No seguimento de complicações cardíacas durante um particular com o Werder Bremen, tudo se esfumou.

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O Ajax fez esta quarta-feira um dos encontros mais complicados da sua história. Não pelo rival em si, o Nice, mas por ter ainda uma ferida bem aberta num grupo de trabalho demasiado jovem e que viu um companheiro sofrer danos cerebrais graves e permanentes do nada, a meio de um jogo. Balotelli, aos 32′, inaugurou o marcador para os franceses mas, no início da segunda parte (49′), Donny Van de Beek fez o empate que manteve as esperanças dos holandeses em passarem ao playoff de acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões. Logo ele, que raramente marca (tinha apenas um golo pela equipa A). Logo ele, o melhor amigo de Nouri, com quem jogava desde os nove anos nas camadas de formação.

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Esta última semana foi muito emocional e complicada para nós, mas vamos fazer isto pelo Appie. O golo que marquei foi importante, até porque começámos a jogar melhor a partir daí, mas gostei de ter marcado não apenas pelo Ajax mas também pelo Appie e pela sua família”, assumiu o médio também de 20 anos que, ao marcar, começou à procura das câmaras para fazer um três e um quatro com os dedos, o número da camisola de Nouri.

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Fiquei emocionado depois de marcar e feliz por poder dedicar um golo ao Appie e à sua família. Tínhamos combinado como equipa que iríamos lutar por ele e queremos mostrar isso em todos os jogos desta época”, acrescentou o internacional Sub-21 holandês. “Tenho um grande respeito pelo Donny [Van de Beek]. Está a passar por um período complicado mas trabalha duro e dá tudo pelo seu amigo Appie”, destacou no final da partida Matthijs de Ligt, jovem central de 17 anos formado também nos lanceiros.

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Mas houve muitos mais gestos de apoio a Nouri durante a primeira partida oficial após o trágico acontecimento com o médio: o Nice fez o aquecimento com t-shirts que tinham a inscrição “Mantém-te forte Appie”; os adeptos do Ajax aproveitaram o minuto 34 para cantarem pelo jogador; e os suplentes da formação holandesa levaram consigo para o banco de suplentes a camisola do companheiro.

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Na última atualização do quadro clínico do jogador, na passada segunda-feira ao final do dia, o Ajax informou que Nouri já tinha saído do coma induzido e dos cuidados intensivos. No entanto, e por ter estado demasiado tempo sem que o oxigénio chegasse ao cérebro no seguimento de paragens cardíacas nesse encontro particular realizado na Áustria, ficou com danos cerebrais irreversíveis.

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