Simone Manuel ganhou o ouro na final dos 100 metros livres nos seus primeiros Jogos Olímpicos. “Por que a primeira medalha de ouro de uma nadadora negra é importante?”, perguntava a BBC num longo artigo sobre o feito.

A nadadora não era propriamente uma desconhecida para os americanos, como se tinha visto nas qualificações internas que dão apuramento para a prova, mas a jovem de apenas 20 anos mostrou-se ao mundo no Rio de Janeiro, quando conquistou duas medalhas de ouro (100 metros livres e 4×100 estilos) e outras tantas de prata (40 metros livres e 4×100 livres). Tornou-se uma referência. Quis ser uma referência.

Esta medalha significa muito e não é só para mim, mas para todos os afro-americanos que vieram antes e serviram de inspiração. Espero inspirar outras pessoas, numa altura em que acontecem tantas coisas no mundo. Espero que possa ajudar a trazer mais esperança. E a medalha é para quem vier depois de mim”, destacou. Até que começou a responder sempre, sempre, sempre ao mesmo. E quis explicar que ela, Simone, quer ser apenas Simone.

Fiquei feliz com o feito mas queria que houvesse mais como eu para não ser sempre chamada ‘Simone, a nadadora negra’. Dá a impressão que não deveria estar aqui, que não deveria ser capaz de bater recordes ou ganhar ouros quando sou apenas uma atleta que treina e quer ganhar como qualquer uma”, salientou. Um ano depois, Simone, nascida no Texas numa família de antigos desportistas (os dois irmãos também jogam basquetebol), voltou a ser Simone. E apenas Simone: ganhou o ouro nos 100 metros livres dos Mundiais, o terceiro depois dos triunfos nos 4×100 livres e 4×100 estilos mistos.

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Mas se o triunfo nos Jogos foi surpreendente, a vitória em Budapeste conseguiu causar ainda mais impacto (se calhar só ao nível do triunfo de Federica Pellegrini frente a Katie Ledecky nos 200 metros livres): com a favorita Sarah Sjöström, que tinha batido o recorde mundial da distância nas estafetas, a virar na frente aos 50 metros, a americana conseguiu uma extraordinária ponta final e ganhou mesmo a prova com 52,27, contra 52,31 da adversária. A dinamarquesa Pernille Blume, também ouro no Rio de Janeiro, fechou o pódio com 52,69.

Na outra grande final do dia no setor feminino, a russa Yuliya Efimova conseguiu a medalha de ouro nos 200 metros bruços com o tempo de 2.19,64, bem à frente da americana Bethany Galat (2.21,77) e da chinesa Shi Jinglin (2.21,93). Mas esta foi sobretudo uma vingança frente a Lilly King, a adversária que mais críticas fez depois de ter sido apanhada num controlo positivo. “Ela está a fazer ‘número 1’ com o dedo depois de ter sido apanhada com doping. Não gosto disso, eu jogo limpo”, comentou a americana nos Jogos Olímpicos, sendo depois defendida (e escudada) pelo companheiro Michael Phelps.

No primeiro grande duelo entre ambas em Budapeste, Lilly King ganhou a medalha de ouro nos 100 metros bruços, batendo mesmo o recorde mundial; agora, Efimova foi melhor e a americana terminou a final no oitavo lugar. E um ano depois, ainda se sente a tensão na piscina quando ambos se encontram…

Mas o antepenúltimo dia de finais do Campeonato do Mundo foi, sobretudo, o dia de glória da Rússia que, além do primeiro lugar de Efimova, ganhou mais dois ouros: Evgeny Rylov venceu a final dos 200 metros costas com o tempo de 1.53,61, à frente dos americanos Ryan Murphy (1.54,21) e Jacob Pebley (1.55,06), enquanto Anton Chupkov foi o melhor nos 200 metros bruços, estabelecendo um novo recorde dos Campeonatos (2.06,96) frente à dupla japonesa Yasuhiro Koseki (2.07,29) e Ippei Watanabe (2.07,47).

Na última final do dia, no setor masculino, a Grã-Bretanha conseguiu a medalha de ouro nos 4×200 metros livres, à frente de Rússia e Estados Unidos.

Entre a comitiva nacional, destaque para o novo recorde nacional de Diana Durães nos 800 metros livres, com o tempo de 8.35,10, que lhe valeu a 13.ª melhor marca das eliminatórias de apuramento. Tamila Holub, antiga detentora do melhor registo, acabou na 21.ª posição com 8.44,85.

Miguel Nascimento terminou a décima série das eliminatórias dos 50 metros livres na quinta posição, com o tempo de 22,69, que lhe conferiu o 36.º registo da distância.