Nem sequer um segundo perdeu a pensar se poderia ser novamente candidato a líder do PSD. Marques Mendes não quer voltar à política partidária, mantém-se por isso agora como comentador da mesma. No jornal da SIC, o ex-líder do PSD falou do futuro do seu partido, começando por dizer que Pedro Passos Coelho tomou a decisão certa ao dizer que não pretende continuar à frente do PSD. “Foi uma decisão digna, correta e responsável. Pedro Passos Coelho não foi um bom líder da oposição, mas foi um bom primeiro-ministro“, afirmou. Mas Passos vai sair e por isso Marques Mendes quer que o partido volte a ocupar o centro político que nos anos da liderança de Passos se perdeu.

Não é apenas preciso mudar de líder, a estratégia tem de mudar. É preciso recentrar o partido, foi um disparate deixar o centro para o PS. É preciso dotar o partido de outra sensibilidade social, um dos maiores défices dos últimos anos, mais atrativo e competitivo nas causas, nos protagonistas e na ligação à sociedade civil.”

Partiu então para os nomes que foram falados durante esta semana. A Paulo Rangel teceu elogios: “É, na minha opinião, o que tem o pensamento político mais bem articulado e estruturado e tinha aqui uma grande oportunidade”. Mas, como o eurodeputado alegou razões pessoais, Mendes ficou-se por aqui. “Razões pessoais não se discutem.” As de Rangel, porque nas de Luís Montenegro, Marques Mendes não acredita por aí além. “Acho que são mais razões políticas do que pessoais. Foi interpretando o momento, não quero ir agora reservo para mais tarde… Saber se ele tomou a decisão certa ou cometeu um erro histórico só o tempo o dirá.” E para o comentador da SIC, o que está na cabeça de Luís Montenegro é que o próximo líder do partido será um líder de transição, um líder “para queimar”.

Ora Mendes acredita que basta que nas próximas eleições legislativas o PSD consiga impedir uma maioria absoluta do PS para que uma “liderança de transição” se torne numa liderança sólida. E, portanto, há que ter atenção a Rui Rio que, caso Santana Lopes não avance, pode apenas ter como adversário o desconhecido Miguel Pinto Luz.

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Para o antigo líder do PSD, Rui Rio tem grandes vantagens e outras tantas desvantagens. No lado dos pontos positivos, Mendes destaca “uma imagem boa, de político sério, rigoroso e responsável”. Mas sobretudo o facto de Rui Rio não ter estado ligado, nem ao governo PSD/CDS, nem aos últimos dois anos do partido na oposição. As desvantagens? Algumas de pensamento. Marques Mendes considera que as ideias de Rui Rio sobre a comunicação social, sobre a justiça ou sobre a regionalização, que defende, terão de ser “moderadas”, caso contrário “podem criar problemas”.

O segundo handicap de Rio tem a ver com as boas relações que sempre teve com António Costa. E, por isso, Marques Mendes deixa desde já um conselho a Rio: “Se ele não desfizer a ideia de que pode ser um defensor de um Bloco Central, cria-se a ideia de que ele, numas próximas eleições, poderia vir a ser o número dois de António Costa. Se eu aconselhasse Rui Rio diria para ele desfazer desde já essa ideia e dizer que se candidata para ser primeiro-ministro e não para ser número dois de António Costa”.

E sobre Pedro Santana Lopes, continua a manter-se o tabu. Marques Mendes acredita que haverá um anúncio até terça-feira e que Santana Lopes está 70% inclinado para avançar. O que a suceder é, para Mendes, “um ato de coragem”.