Percebe-se através da consulta do documento de 238 páginas, disponibilizado no portal do Governo, que é um dos capítulos essenciais do relatório independente sobre os incêndios de Pedrógão Grande, entregue esta segunda-feira à tarde no Ministério da Administração Interna.
“O sexto capítulo – que é por sinal o mais extenso – é dedicado aos acidentes pessoais. Começa naturalmente pelas mortes, que são descritas como casos, em que são agrupados os elementos da mesma família ou que tenham participado de forma conjunta no acidente. São analisados alguns casos de sobreviventes, de pessoas que estiveram em perigo e, nalguns casos, ficaram feridas. Relatam-se por fim alguns casos de prestação de socorro”, pode ler-se na descrição do objetivo e âmbito do estudo, coordenado por Xavier Viegas, do Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.
Só não é possível encontrar, no próprio relatório, o capítulo em causa. Em vez disso, pode ler-se o seguinte aviso: “O conteúdo deste Capítulo, por motivos relacionados com a Proteção de Dados Pessoais, será disponibilizado oportunamente, logo que seja tornado anónimo”.
De acordo com o Expresso, que cita fonte oficial do Ministério da Administração Interna, terá sido a própria Constança Urbano de Sousa a pedir a censura do documento, alegadamente para proteger as identidades das vítimas.
Quem não terá ficado satisfeito com isso, continua o mesmo jornal, foi a Associação das Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande que terá chegado a ameaçar não comparecer ao encontro agendado com António Costa para a próxima quarta-feira se o documento não fosse divulgado integralmente.
No final, ambas as partes cederam. O capítulo 6 deve ser disponibilizado assim que os nomes de todas as vítimas referidas sejam apagados.
Pedrógão. Novo relatório aponta o dedo a Proteção Civil, bombeiros, INEM, EDP e Ascendi