Líderes políticos timorenses, incluindo o primeiro-ministro, fizeram esta quinta-feira um apelo a que a população se mantenha calma na sequência da aprovação pela oposição, maioritária no Parlamento Nacional, de uma moção de rejeição ao programa do Governo.

Apelei a todos voltarem a casa com calma. Eu também estou calmo. Tudo faremos para não haver violência mas não podemos, com o dito sentido de Estado estar eternamente em sentido e entregar o Estado a outros”, afirmou à Lusa Mari Alkatiri depois da votação da moção.

O texto foi aprovado com o apoio da bancada do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT) e do Partido Libertação Popular (PLP) – liderados respetivamente pelos ex-Presidentes e líderes históricos timorenses Xanana Gusmão e Taur Matan Ruak – e pelos deputados do Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO), que se estreia no parlamento na atual legislatura.

“Votaram a favor 35, votaram contra 30, abstenção 0. Moção de rejeição aprovada”, disse Aniceto Guterres, presidente do Parlamento Nacional.

Nas suas últimas intervenções antes do voto, deputados do CNRT e do PLP deixaram apelos à população para que mantenha a tranquilidade que se tem vivido no país, deixando igualmente apelos aos líderes nacionais – nomeadamente o primeiro-ministro Mari Alkatiri e os líderes desses partidos, Xanana Gusmão e Taur Matan Ruak, para que dialoguem.

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Arão Amaral, chefe da bancada do CNRT, também recordou que era a primeira vez que se usava em Timor a moção de rejeição mas que isto era “normal no resto do mundo”, afirmando que o seu partido “não procura poder” e que sempre respeitou a Constituição.

“Ao povo de Timor-Leste, à juventude, apelo para que compreendem que este é o jogo democrático, que há diferenças, há discussão mas sempre respeitando as regras constitucionais e as leis”, disse ainda.

Fidelis Magalhães, chefe da bancada do PLP, reconheceu que esta é uma “fase de um processo difícil” que ocorre pela primeira vez – nenhum programa do Governo desde a restauração da independência foi sujeito a uma moção de rejeição e só um foi alvo de um voto de confiança.

“A bancada executa a política do partido. Não tenho um único interesse além de defender o bem-estar do povo, o interesse nacional. Cuidado como usam os termos ou que aproveitamento fazem dos termos”, disse.

“Aproveito para apelar a todo o povo e a todos os militantes para deixarem a política no parlamento para que continuem num ambiente de amizade, de tranquilidade em Timor-Leste, a defender a paz e a estabilidade”, considerou.

Angelita Sarmento, outra deputada do PLP, também defendeu a normalidade do processo da moção de rejeição, afirmando que se cumprem as “regras da democracia” e apelando a todos para que colaborem para manter a “paz, unidade, coesão social e democracia”.

“O programa não passou mas apelo aos líderes nacionais para procurarem concertação política, diálogo permanente. Apelo aos líderes históricos para criarem condições para alcançar sustentabilidade governativa, paz e unidade nacional”, disse.