José Veiga terá adquirido em julho de 2014 um apartamento no 32.º andar do número 1 de Central Park West, no centro de Nova Iorque, por cerca de 7,1 milhões de dólares (cerca de 6 milhões de euros ao câmbio atual) para a neta de Dennis Sassou Nguesso, presidente do Congo Brazzaville. A notícia é revelada pelo jornal Expresso na edição deste sábado.

Em declarações ao semanário, Veiga diz que “o apartamento em causa é propriedade de uma sociedade da qual eu sou o acionista. A aquisição efetuada foi financiada com meios próprios, num negócio que é totalmente alheio a terceiros, nomeadamente à família do presidente do Congo”, assegura.

A suspeita de que o apartamento foi adquirido para Lauren Anne Marie Ikia Lemboumba, filha de Cláudia Sassou Ngueso, é da equipa do Departamento Central e Ação Penal que investiga a operação Rota do Atlântico. Sendo este mais um indício, a juntar a outros já noticiados pelo Observador, de que Veiga será um alegado testa-de-ferro do homem que lidera o Congo Brazzaville desde que venceu uma guerra civil sangrenta em 1999. No inquérito investigam-se suspeitas da alegada prática do crime de corrupção no comércio internacional, branqueamento de capitais e fraude fiscal qualificada.

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O imóvel foi pago com fundos que saíram de uma conta do Banco Internacional de Cabo Verde aberta em nome da sociedade offshore chamada Serbit que é controlada por Veiga.

Tal como o Observador já tinha noticiado, esta sociedade fez várias transferências para a Trump International Management, fundada por Donald Trump (atual presidente dos Estados Unidos), em 2014 e em 2015. Segundo revela agora o Expresso, foram transferidos a 28 de julho de 2014 cerca de 6,5 milhões de dólares (cerca de 5,5 milhões de euros ao câmbio atual) para a K&L Gates, o escritório de advogados que representou o comprador do imóvel (uma sociedade chamada Ecree LLC, criada em Nova Iorque em maio de 2014).

Essa transferência foi precedida da transferência de fundos no valor de 710 mil dólares (cerca de 602 mil euros) que serviram para pagar o sinal. Foi também a conta da Serbit que pagou as contas do condomínio em 2014 e em 2015 no valor total de 51 mil dólares (cerca de 43,2 mil euros ao câmbio atual)

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Em julho de 2014, antes de o imóvel ser adquirido, José Veiga e Paulo Santana Lopes escreveram cartas de recomendação ao administrador do condomínio do número 1 de Central Park West, uma das principais avenidas de Nova Iorque que fica nas proximidades do principal parque da cidade, sobre Lauren Lemboumba. O objetivo era recolher a aprovação dos condóminos para a mudança se verificar.

“Eu considero Lauren (…) como sendo uma das minhas melhores amigas (…) Eu acredito que Lauren será uma vizinha maravilhosa. Ela é inteligente e será uma mais-valia para a Trump International Hotel & Tower Condominium. Considero-a uma pessoa do mais elevado caráter moral, honesta, atenciosa e solidária”, escreveram Veiga e Santana Lopes em missivas muito semelhantes em que apenas existia uma divergência: enquanto o ex-empresário de jogadores de futebol garantia que a conhecia há 5 anos, o irmão de Pedro Santana Lopes jurava que teve o primeiro contacto três anos antes. Lauren tinha 17 anos quando aquelas missivas foram escritas.

Entre contas bancárias na Suíça, Portugal e Cabo Verde, José Veiga tem cerca de 170 milhões de dólares (cerca de 144,3 milhões de euros ao câmbio atual) apreendidos à ordem de diversos processos judiciais. Só na Suíça, os fundos alvo de arresto ascendem a cerca de 101 milhões de dólares (cerca de 85,7 milhões de euros ao câmbio atual).

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