Quarenta dias depois de se ter demitido e convocado eleições antecipadas, Shinzo Abe, 63 anos, volta a ser escolhido para o cargo de primeiro-ministro do Japão. Segundo as sondagens feitas à boca das urnas, o Partido Democrático Liberal (PDL), coligado com o partido Komeito, não só ganhou como ganhou com maioria absoluta. Os resultados oficiais só deverão ser conhecidos pela manhã de segunda-feira — o tufão Lan, que este domingo chegou à ilha principal do país, não só dificultou a ida às urnas como também está a complicar a recolha dos votos, diz o The Guardian.

Segundo a Bloomberg, que cita uma sondagem da NHK, a organização nacional de radiodifusão pública do Japão, a coligação encabeçada por Shinzu Abe, no poder desde 2012, deverá conseguir entre 281 e 336 assentos no Parlamento. Bastam 233 para ter maioria, com 310 já tem dois terços dos votos e maioria absoluta. O Partido da Esperança, fundado há apenas um mês por Yuriko Koike, governadora de Tóquio, deve conseguir entre 38 e 59 lugares; o Partido Democrático Constitucional (CDP), encabeçado por Yukio Edano, deverá alcançar entre 44 e 67.

Para já, no Japão e fora dele, já se fala numa “super maioria” por parte da coligação, o que, dizem os analistas, abre ainda mais a porta à revisão constitucional que o primeiro-ministro quer fazer — e que não tem sido muito bem recebida por alguns setores da sociedade japonesa. Proibido pela Constituição desde o final da Segunda Grande Guerra de ter Forças Armadas, o país poderá, caso a alteração do artigo 9 venha a ser efetivada, voltar a ter exército.

Neste sábado, antes das eleições, Shinzu Abe, aliado de Donald Trump na luta contra Pyongyang, fez referência ao assunto: “Numa altura em que a Coreia do Norte está a ameaçar-nos e a aumentar as tensões, não podemos hesitar. Nós não podemos ceder à ameaça da Coreia do Norte“.

Dias antes, consciente de que o assunto da revisão constitucional está a dividir o país, também já tinha assegurado que quer fazer as coisas com calma e que o plano inicial a que se tinha proposto — alterar a lei essencial do país até 2020 — já não está em cima da mesa: “Antes de mais, quero aprofundar o debate e ter o máximo possível de pessoas de acordo.”

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