Há figuras incontornáveis em certos campos, mesmo que sejam fictícias: Mario (sem acentos e sem Super) é uma delas. A sua evolução ao longo dos anos precede de uma ou outra maneira avanços nos videojogos. Ele sempre foi visto como um pioneiro na sua área de trabalho, até quando se expande para outras como a condução ou as olimpíadas. Mas neste momento a fórmula dos videojogos está gasta e recauchutada ao máximo portanto não há maneira óbvia de Mario abrir novos caminhos, está tudo preenchido e a descoberto, não há nada novo debaixo do sol dos videojogos.

Ou assim pensávamos até jogar “Super Mario Odyssey”, algo que temos feito obsessivamente em todas as oportunidades, algo que tem valido cada segundo. A Nintendo decidiu redesenhar o mapa, meter um filtro novo no sol, e reinventar a roda, tal como fez com a Nintendo Switch, plataforma exclusiva deste jogo.

Mais uma vez, como tem sido feito nos últimos 30 anos, Mario tem que salvar a Princesa Peach das garras de Bowser, literalmente, com a ajuda de Cappy, um ser mágico que tem capacidade de se transformar em qualquer chapéu e é usado como arma de arremesso pelo protagonista entre outras coisas. Utilizando ao máximo as capacidades da consola da Nintendo que foi lançada há pouco mais de meio ano, “Odyssey” pode ser jogado em modo portátil, com os comandos acoplados ao ecrã ou separados — contudo nota-se nitidamente que foi desenhado para ser jogado sobretudo na TV e vale a pena fazer isso sempre que possível. Pode também ser jogado a dois, em que cada jogador utiliza um Joy-Con controlando respetiva e isoladamente Mario e Cappy.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Este platformer 3D vai beber parte da sua estrutura aos geniais “Super Mario Galaxy” e também a “Super Mario 64”, mas, acima de tudo, a sua “aura” é a do mais negligenciado mas de igual qualidade “Super Mario Sunshine”. O enredo leva-nos a viajar por vários mundos com habitantes muito peculiares e particulares a cada um deles, ao contrário dos típicos cogumelos e tartarugas que habitam os restantes jogos. O objetivo principal é apanhar luas de poder para carregar o depósito do nosso veículo e viajar entre esses mundos na perseguição a Bowser.

Temos que reunir um número mínimo de luas passando por algumas missões específicas para o fazer, mas entre o ponto de partida e essa missão estão várias outras. Por vezes conseguimos chegar ao “fim do nível” com mais luas do que necessário para passar ao nível seguinte, mas a luta contra o “boss” chamava por nós e qualquer uma delas é tão deliciosa como os níveis são inspirados por genialidade e desenhados de forma exímia.

Além de ir buscar a sua fórmula geral a um dos mais esquecidos jogos da série, “Super Mario Odyssey” conseguiu também quebrar a previsibilidade de qualquer fórmula através de Cappy. Não só Mario consegue ter fatos diferentes das suas jardineiras de ganga acompanhados por uma camisola e boné vermelhos, comprando-os em lojas espalhadas pelos mundos, como pode também controlar várias personagens animadas (e não só) durante o jogo.

Ao fazê-lo conseguimos utilizar as capacidades dessas personagens a nosso favor, mudando a dinâmica toda do jogo. O facto de cada mundo ter uma multiplicidade de luas em relação ao necessário para continuar a aventura e dado o número de objetos colecionáveis para apanhar, repetir níveis ou jogá-los muito mais tempo que o necessário é algo que se faz com muito gosto.

“Super Mario Odyssey” conseguiu virar de cabeça para baixo muitas ideias e preconceitos acumulados ao longo que de 30 anos a jogar Mario. Temos o melhor de todos os Mario num só, “Odyssey” é o Super Mario definitivo, a tarefa de o superar tornou-se virtualmente impossível. Um jogo mais que obrigatório. Cinco estrelas. Ou neste caso, cinco luas.

“Super Mario Odyssey” é um exclusivo Nintendo Switch

João Machado, Rubber Chicken