A Caixa Geral de Depósitos vendeu a unidade da antiga La Seda em Sines a um grupo tailandês. A Artlant foi declarada insolvente este verão e o banco do Estado é o maior credor e acionista. A operação foi anunciada pelo comprador, a Indorama Ventures que não revelou o valor. A ata da assembleia-geral de credores que aprovou a transação, em outubro, indica o valor de 28 milhões de euros, confirmou o Observador junto do administrador do processo de liquidação que não adiantou mais pormenores.
O negócio deve estar fechado até ao final do ano.
A Caixa foi a principal financiadora do projeto industrial do grupo químico espanhol cujo investimento de 400 milhões de euros ficou concluído em 2010. Com a queda da La Seda, o banco do Estado assumiu o comando da Artlant. Os créditos do banco do Estado chegaram a ascender a mais de 500 milhões de euros, mas o presidente executivo da Caixa, Paulo Macedo, assegurou que todas as perdas neste crédito foram já assumidas nas contas. A Artlant era o maior devedor problemático do banco do Estado.
Em comunicado, a CGD “congratula-se com o anúncio da aquisição dos ativos da Artlant, empresa química relevante na zona de Sines, por um líder mundial da indústria petroquímica”, que vai permitir manter mais de cem postos de trabalho. Lembra ainda que nunca deixou de apoiar a empresa que “passou por graves dificuldades”, mas não revela números sobre a transação.
Investimento. Porque caíram estes projetos de interesse nacional
Também a AICEP, a agência pública para o investimento, ficou credora da Artlant depois de ter concedido incentivos de 45 milhões de euros a fundo perdido ao projeto que foi considerado PIN (potencial interesse nacional) durante o primeiro Governo de José Sócrates.
Fonte oficial da AICEP adianta ao Observador que a prioridade é ver assegurados os postos de trabalho e a manutenção da laboração da unidade fabril. A agência acrescenta que está confiante numa boa resolução do processo e irá acompanhar o relançamento da atividade para que possa atingir os objetivos económicos esperados para esta unidade industrial.
Desde que assumiu a propriedade da Artlant que a Caixa procurava um investidor do setor químico que pudesse viabilizar o projeto, tendo chegado a abordar a Galp Energia dona da refinaria de Sines. Mesmo com a unidade praticamente sem produzir, os custos de manutenção eram superiores a 10 milhões de euros por ano.
O grupo Indorama descreve a Artlant como maior unidade de produção de PTA na Europa. O PTA (ácido tereftálico purificado) é usado para para produzir PET, matéria prima plástica (poliéster) que é utilizada para vários fins. A fábrica tem capacidade para produzir 700 mil toneladas, o que irá reforçar a liderança do grupo tailandês na Europa, permitindo também reduzir custos e aumentar as sinergias operacionais, via fornecimentos internos, substituindo importações.
A aquisição inclui os contratos de trabalho e outras unidades do grupo, incluindo a Artlant Ambiente que tem uma unidade de cogeração para produção de eletricidade que permite abastecer as necessidades da fábrica e vender à rede elétrica.
“Estamos confiantes que a Artlant vai dinamizar o crescimento do negócio de poliéster negócio em Portugal e no resto da Europa. Vai suportar oportunidades de emprego na região e ajudar o crescimento da economia. Estou na expetativa de assinar o negócio no quarto trimestre deste ano”, disse o presidente executivo da Indorama, Aloke Lohia, em comunicado.
Atualizado com valor da transação e declarações da AICEP.