O ministro das Finanças confirmou esta quinta-feira que vai avançar para o Eurogrupo e diz que está preparado para ser o porta-voz de um grupo que muitas vezes tem posições com as quais não concorda, explicando a decisão com a necessidade de assumir responsabilidades para ter voz no processo. Mário Centeno diz-se preparado para o desafio, que Portugal não vai abdicar da sua posição, mas que saberá aceitar e acompanhar os consensos que forem gerados no Eurogrupo, mesmo que vão contra a sua posição.

“Obviamente, a Europa é uma construção de instituições que são sempre conseguidas por consenso e, nestes ambientes de geração de consensos, nunca abdicaremos da nossa posição, mas estaremos sempre prontos a acompanhar os consenso que são feitos porque é assim que estas instituições evoluíram até hoje e é a boa forma de as fazer evoluir no futuro”, afirmou o ministro numa conferência de imprensa no Ministério das Finanças, em Lisboa.

Mário Centeno garantiu que a sua participação no processo de formação de consensos não fará com que Portugal veja diluída a sua opinião e que a governação em Portugal com partidos que não partilham exatamente da mesma visão, em especial em relação à Europa, do Partido Socialista, não o prejudica, mas antes ajuda a enfrentar este desafio.

“Não nos diluímos porque participamos. Isso é uma visão que não temos e, portanto, vamos ter esse contributo construtivo, crítico às vezes, que permita encontrar caminhos alternativos, mas seguramente num contexto de agregação de vontades como é qualquer ambiente político. Já demonstrámos aliás que o sabemos fazer e trazer isso para o nível europeu será seguramente um desafio, mas um desafio que abraçamos com todo o gosto”, afirmou Mário Centeno, questionado pelos jornalistas.

O ministro explicou as razões que o levaram a assumir a candidatura como a necessidade de ter um papel ativo no desenvolvimento da União Económica e Monetária.

“Decidi candidatar-me à presidência do Eurogrupo, faço-o enquanto ministro das Finanças do Governo”, afirmou, acrescentando que o faz com o intuito de promover a “formação dos consensos necessários para completar a União Económica Monetária. Vivemos num tempo de decisões importantes na zona euro. Portugal deve participar de forma ativa neste processo, oferecendo o seu contributo”. “O futuro do país está ligado ao da União europeia, faço-o com esse espírito construtivo”, disse

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Mário Centeno fez ainda um (raro) elogio à cooperação com a Comissão Europeia e à cooperação com as instituições. “Queria também realçar que alguns dos sucessos mais relevantes da política económica deste Governo foram feitos e conquistados em colaboração com as instituições europeias, como o cancelamento do processo de sanções, da suspensão dos fundos, e num tom mais construtivo aquilo que aconteceu com a Caixa Geral de Depósitos. Foi desta prática e diálogo construtivo que nasceu esta nossa posição”, afirmou o ministro.

O ministro das Finanças tem sido muito crítico das regras europeias que estão na base do cálculo do chamado esforço estrutural que é exigido a cada um dos países e tem, frequentemente, acusado a Comissão Europeia de errar nas suas previsões, não só em declarações públicas, mas também em documentos oficiais do Governo, como foi o caso do relatório do Orçamento do Estado para 2018.