Portugal mantém-se no topo dos países com mais dadores de órgãos para transplantação, tendo passado da quarta para a terceira posição. Mas idade avançada dos dadores afeta a qualidade dos órgãos, atirando o país para o sexto lugar no número de transplantes, escreve esta terça-feira o Diário de Notícias.

De acordo com o relatório sobre transplantes do Conselho da Europa, em 2016 Portugal registava 32,7 dadores falecidos por milhão de habitantes (mais 1,7 do que no ano anterior), sendo apenas ultrapassado pela Espanha (43,8 dadores) e pela Croácia (39,5 dadores). E entre 2008 e 2016 Portugal registou um aumento de 22% na doação, segundo a coordenadora Nacional de Transplantação, Ana França.

Segundo Ana França, do Instituto do Sangue e Transplantação, o que explica a elevada percentagem de doação de órgãos é “o modelo de organização, com pessoas treinadas, desde os coordenadores hospitalares de doação [figura criada em 2008] até aos cinco gabinetes de colheita e transplantação, nos grandes hospitais, que coordenam a ligação com os centros de transplantação”.

Mas, apesar do aumento dos dadores disponíveis — relacionado com o aumento dos acidentes de viação –, e do número de doentes transplantados (de 77,2 para 79 doentes por milhão de habitantes), num total de 864 transplantes em 2016, mais 40 do que em 2015, Portugal fica-se pelo sexto lugar no ranking dos transplantes efetuados porque os dadores são cada vez mais velhos.

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Temos dadores mais velhos, o que faz que muitas vezes o único órgão aproveitável seja o fígado. O coração, por exemplo, é mais exposto à idade e temos sempre de ter em atenção a recuperação do recetor”, justificou Ana França, do Instituto do Sangue e da Transplantação.

É por isso que, segundo o DN, Portugal está nos três primeiros lugares nos transplantes de fígado, e em 12.º nos transplantes cardíacos.

A lei define que à partida qualquer pessoa que morra numa unidade de saúde é um potencial dador, a menos que tenha manifestado uma vontade contrária, num registo nacional que data de 1994. “O que se nota é que temos uma população muito solidária”, afirmou Ana França ao mesmo jornal, explicando que a razão para a esmagadora maioria dos dadores continuarem a ser os falecidos é “porque só é possível usar órgãos de dadores vivos nos transplantes de rim e numa parte do fígado”. Em 2016 houve 418 dadores, 81 dos quais vivos.