O Mosteiro da Batalha fica à beira do IC2, a antiga estrada nacional 1, e é possível admirar o belo monumento do século XIV enquanto ali se passa de carro — ou, pelo menos, era. No início deste mês, começaram a ser instaladas paredes maciças de betão que bloqueiam a vista para o Mosteiro. A explicação: proteger o monumento do ruído, das vibrações e do dióxido de carbono emitido pelos automóveis. Mas nem todos estão satisfeitos.
De acordo com a TSF, a população da Vila da Batalha está desagradada com a construção das dez paredes de betão que se estendem por 100 metros. Mas Paulo Batista Santos, o presidente da Câmara Municipal da Batalha, explica que era a única solução possível: “os investigadores têm-nos apontado para o dramatismo daquilo que o monumento está a sofrer, pelas peças que já caíram, pelos vitrais que estão a estalar e que estão a partir, portanto, havia que tomar aqui uma medida”.
O projeto foi elaborado pelo município, a Direção-Geral do Património Cultural e a Infraestruturas de Portugal e prevê a construção de um jardim vertical onde, por agora, só é possível ver cimento.
Os deputados do PS eleitos por Leiria também já mostraram o seu descontentamento com a obra e questionaram o Governo sobre hipóteses alternativas: como, por exemplo, a isenção de portagens na A19, a variante ao IC2, que faria com que a média de 14 mil carros diários que ali passa baixasse significativamente. Paulo Batista Santos esclarece que essa possibilidade foi ponderada mas não é, no imediato, viável, já que aquela autoestrada está integrada na concessão Litoral Centro. O presidente da Câmara da Batalha diz que “pelo menos é essa a resposta que temos obtido do Governo, mas não vamos desistir, porque o objetivo final é esse”.
Outra das questões levantadas pelos deputados do PS de Leiria foi a eventualidade de a construção das barreiras de betão colocarem em causa a classificação do Mosteiro da Batalha como Património Mundial pela UNESCO. Ao Diário de Notícias, Paulo Batista Santos garante que a classificação “é completamente irreversível”.
O Mosteiro da Batalha, ou Mosteiro de Santa Maria da Vitória, foi construído depois de uma promessa do rei D. João I, como agradecimento pela vitória portuguesa na Batalha de Aljubarrota, em 1385.