Miguel Relvas defende que Passos Coelho devia ter sido o candidato às próximas legislativas. Quem for, Rio ou Santana, será posto em causa se não conseguir vencer António Costa em 2019 — por outras palavras, no próximo sábado o PSD estará a eleger alguém que poderá ser, na opinião do antigo ministro do PSD, um “líder para dois anos”.
Em entrevista ao Público e à Rádio Renascença, Miguel Relvas diz, preto no branco, que na sua opinião “vamos ter um líder para dois anos, se ganhar as eleições continua, se não ganhar será posto em causa”. “Os líderes políticos afirmam-se no desempenho da função, não na sua candidatura. O PSD já teve líderes que surpreenderam positivamente e outros, sobre os quais existia uma grande expectativa, que não foram capazes de vir a concretizar”, afirma Miguel Relvas.
Para já, Miguel Relvas está pouco inspirado pela candidatura de Rui Rio, acusando-o de ter cometido um “erro político inaceitável” quando disse que se o PS vencesse as eleições em 2019, mas com um governo minoritário, estaria disponível para dar algum apoio parlamentar. “Oque Rui Rio está a dizer é: eu quero substituir a geringonça atual pela minha “engenhoca“. Isto é a engenhoca do Bloco Central – que não vai existir. Até porque o PS escolheu um caminho. O que Rui Rio fez, estrategicamente, foi criar condições para que António Costa possa lutar pela maioria absoluta com mais facilidade”.
Quanto a Santana Lopes, Relvas defende que “tem de ser avaliado pelo Santana de hoje e não pelo de 2004 – como muitos querem avaliar”. Ainda assim, Relvas critica Santana Lopes por não ter “travado de início” o possível negócio da entrada da Santa Casa no Montepio — um negócio que, segundo Relvas, “não tem lógica nenhuma”.
O apoio de Relvas vai para Santana Lopes, porém, o antigo ministro de Passos Coelho diz-se “fora da política”. “Estou há muitos anos fora, estou a reconstruir a minha vida profissional e pessoal, porque a vida política é muito absorvente. Eu tenho até, hoje, limitações da vida profissional que não me permitem estar na vida política – há uma separação que considero essencial entre o mundo dos negócios e a vida política”, afirma Miguel Relvas.