Nos Jogos Olímpicos de Verão, devido ao calendário apertado a nível de dias, há sempre uma modalidade que arranca antes da cerimónia de abertura: o futebol (torneio masculino e feminino); nos Jogos de Inverno, são mais: agora que começamos a ligar os motores para o evento, percebemos com mais atenção que já começaram as qualificações (ou torneios) na patinagem artística (programa curto por equipas masculino e de duplas), no esqui estilo livre (moguls feminino e masculino), no hóquei em gelo e no curling. E foi nesta última que tivemos o primeiro duelo entre Estados Unidos e Rússia (ou melhor, Atletas Olímpicos da Rússia).

É verdade que os tempos de Guerra Fria já vão longe, mas as recentes acusações (e respetivas investigações) da interferência russa nas eleições presidenciais americanas de 2016, entre outras ingerências na política nacional do país liderado por Donald Trump, acabaram por reavivar memórias de outros dias. Por isso, o encontro na fase de grupos de duplas mistas acabou por prender muitas atenções. Mas havia outra história curiosa por trás desse jogo realizado no Gangneung Curling Centre.

Os irmãos Hamilton, Becca e Matt, representam os Estados Unidos no torneio de duplas mistas de curling (Ronald Martinez/Getty Images)

De um lado estava a dupla americana. Becca Hamilton, de 27 anos, uma técnica vendedora que trabalha com o Dick’s Sporting Goods Contenders Program, e Matt Hamilton, de 28 anos, técnico de pesquisa e desenvolvimento em Wisconsin que ganhou a medalha de bronze no último Mundial de curling. E sim, o apelido igual aponta para isso mesmo: são irmãos, sendo que o mais velho é também conhecido por Super Mario, pelas supostas parecenças com a personagem da Nintendo. Do outro, a dupla russa. Anastasia Bryzgalova, de 25 anos, uma estudante de Educação Física, Desporto e Saúde na Universidade de Lesgaft, e Alexander Krushelnitskiy, também ele estudante de Educação Física, Desporto e Saúde na Universidade de Lesgaft. Ponto comum? Depois de se terem conhecido no mesmo estabelecimento de ensino, começaram a namorar e já são casados.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

No duelo entre irmãos e marido e mulher, os americanos acabaram por ganhar por 9-3, mas nem por isso têm muitas razões para festejar: nos primeiros quatro encontros realizados na fase de grupos, somaram apenas esse triunfo e três derrotas (6-4 com o Canadá, 9-1 com a Coreia do Sul e 9-4 com a Suíça), ao passo que o conjunto que representa os Atletas Olímpicos da Rússia (nome dado devido à suspensão do Comité Olímpico da Rússia, depois do escândalo do alegado programa de doping nacional) venceu os outros três: 6-5 com a China, 7-5 com a Finlândia e 4-3 com a Noruega que, curiosamente, também tem uma dupla formada por um casal de namorados (Kristin Skaslien e Magnus Nedregotten).

Anastasia Bryzgalova e Alexander Krushelnitskiy conheceram-se na universidade, casaram e formam equipa (WANG ZHAO/AFP/Getty Images)

A liderança da prova de duplas mistas de curling está nesta altura entregue a quatro países: Canadá, Suíça, Noruega e Atletas Olímpicos da Rússia, todos com três vitórias e uma derrota. A Finlândia é a única das oito equipas sem qualquer triunfo.