Em condições normais, Lim Hyo-jun estaria a ver os Jogos Olímpicos de Inverno na bancada ou no pavilhão. E não, não é por ser mau; apenas porque não era o melhor. Vejamos: na patinagem de velocidade em pista curta, a Coreia do Sul contava com nomes como Lee Jung-su, bicampeão nos Jogos de 2010, ou Park Se-yeong, presença constante nos últimos anos. Contra a maioria das antevisões, ambos ficaram de fora e o jovem de 21 anos lá conseguiu uma das três vagas nas qualificações nacionais, a par dos “reputados” Hwang Dae-heon e Seo Yi-ra.
O feito, por si só, foi um fantástico prémio individual. Quase um troféu, tendo em conta a quantidade de infortúnios que teve de superar ao longo da curta carreira. Este sábado, Lim Hyo-jun sagrou-se campeão olímpico na prova masculina de 1.500 metros. E assumiu o estatuto de herói nacional.
10FEB Short Track Speed Skating – Men's 1,500m
????Gold LIM Hyojun / KOR????????
????Silver KNEGT Sjinkie / NED????????
????Bronze ELISTRATOV Semen / OARCongratulations.???? pic.twitter.com/gZqHqEbIJK
— Gangwon2024 (@gangwon2024) February 10, 2018
Desde cedo que Lim queria ser atleta, mas o seu primeiro desporto nada teve a ver com a patinagem: era nadador. E gostava de ser nadador, até ao dia em que feriu com gravidade um tímpano, o que o obrigou a deixar as piscinas. Foi nessa altura que se virou para a patinagem de velocidade, desporto com tradição na Coreia do Sul, mas nem por isso deixou de se ver obrigado a uma série de infortúnios físicos com gravidade: entre uma fractura numa perna e um problema num tornozelo que lhe tirou seis meses de competição, foi operado sete vezes.
Nunca desistiu e, em paralelo com a qualificação olímpica, brilhou na primeira Taça do Mundo, em Budapeste, entre o final de setembro e o início de outubro de 2017, onde ganhou duas medalhas de ouro (1.000 e 1.500 metros) e uma de prata (500 metros). Nos Jogos Olímpicos de Inverno, era uma esperança nacional… secundária.
Com eliminatórias mais ou menos rápidas, consoante o decorrer da prova e aquilo que fosse acontecendo, os três sul-coreanos carimbaram sem problemas a passagem às meias-finais vencendo cada uma das suas séries. Aí, o cenário foi diferente: Seo Yi-ra não foi além do terceiro posto na primeira ronda, caindo para a final B (a partir do nono lugar), ao passo que Lim Hyo-jun venceu a terceira e última série à frente do também qualificado Hwang Dae-heon. Na final, a três voltas do final, o canadiano Charles Hamelin chocou com Hwang e ficaram ambos fora de prova. Sobrava Lim, que não desiludiu: vitória com o tempo de 2.10,485, um novo recorde olímpico que superou a marca que tinha sido alcançada pelo compatriota Lee Jung-su nos Jogos de Vancouver, em 2010.
O holandês Sjinkie Knegt terminou na segunda posição com o tempo de 2.10,555, ao passo que a medalha de bronze ficou para Semion Elistratov, representante dos Atletas Olímpicos da Rússia (2.10,687). Samuel Girard (Canadá), Sándor Liu Shaolin (Hungria), Itzhak de Laat (Holanda) e Thibaut Fauconnet (França) foram os outros finalistas, além dos supracitados Hwang Dae-heon e Charles Hamelin.
Já estava farto e quis desistir muitas vezes, mas as pessoas que estão à volta disseram-me para nunca duvidas das minhas capacidades. Tive sempre essa frase na minha cabeça enquanto treinava”, referiu Lim no final da prova à Yonhap News Agency.
Também no final, outra “surpresa”: Lim Hyo-jun dedicou a medalha de ouro a Viktor An, um dos grande atletas de sempre da modalidade também sul-coreano que trocou de seleção nacional em 2011, passando a competir pela Rússia, e que falhou estes Jogos Olímpicos de Inverno por ser um dos quase 50 atletas do país excluídos. “Quando vi An a correr em 2006, comecei a sonhar pela primeira vez ser campeão olímpico. Disse-me que poderia conseguir e deu-me muitos conselhos. Tenho muito respeito por ele e, quando soube que não iria competir, foi algo terrível para mim porque teria sido uma honra correr contra ele”, salientou.
#JJOO #PyeongChang2018 El especialista de short-track Lim Hyo-jun, que dio a Corea del Sur su primera medalla de oro en Mil 500 metros, quiso rendir homenaje al ruso Viktor An, leyenda de la disciplina, vetado para esta cita por el COI. pic.twitter.com/krXzcLWP0D
— Hansell Oro (@HansellteleSUR) February 10, 2018