Dezassete é o número total de mortes confirmadas na sequência do tiroteio desta quarta-feira, na escola secundária de Parkland, no estado norte-americano da Flórida. É também o número de pessoas que Nikolas Cruz está acusado de ter matado premeditadamente. Um número que podia ter sido muito maior se não fosse o ato de heroísmo de Aaron Feis.

Era treinador adjunto de futebol e segurança na escola há, pelo menos, oito anos. Serviu de escudo, ao atirar-se para a frente dos alunos para os proteger, acabando por ser atingido por várias balas. Feis ficou em estado crítico e a correr perigo de vida, tendo sido hospitalizado. Mais tarde, o xerife do condado de Broward, Scott Israel, trouxe a notícia: “Um treinador de futebol muito querido morreu”, sem sentir a necessidade de dizer o seu nome. “Não, isto não é fogo de artifício“. Esta foi a última frase que o treinador de futebol, Willis May, ouviu de Feis que, como segurança, informou a escola através dos walkie-talkies.

Atuais e antigos alunos usaram as redes sociais para homenagear o treinador adjunto de futebol. “Este, senhoras e senhores, é o rosto de um herói“, escreveu Angelica Losada, uma antiga aluna, numa descrição de uma fotografia de Feis que partilhou no Instagram.

Também a equipa de futebol da escola que foi palco do tiroteio, a MS Douglas Eagles, partilhou no Twitter uma fotografia do treinador adjunto. “É com uma grande tristeza que soubemos da morte de Aaron Feis. Ele era o nosso treinador adjunto de futebol e segurança. De modo altruísta, ele serviu de escudo e estava a proteger os alunos do atirador quando foi baleado. Morreu como um herói e estará sempre nos nossos corações e memórias” escreveu a equipa na publicação.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Scott Beigel, o professor que morreu a segurar a porta da sala onde escondeu alunos

“Estou viva por causa dele”, contou Kelsey Friend, à CNN, dirigindo-se aos familiares da vítima, Scott Beigel, professor de Geografia. Em lágrimas, explicou que Beigel destrancou a porta e deixou entrar a ela e a outros estudantes que fugiam do atirador pelo corredor. “Pensávamos que ele estava atrás de nós”, relatou, mas depois alguém disse: “O Sr.Beigel não se está a mexer. Está deitado à entrada mas não se está a mexer”. É que quando o professor deixou entrar os estudantes, teve de voltar a trancar a porta. Nesse momento, foi atingido por Nikolas Cruz. Era o primeiro ano do professor de Geografia, de 35 anos, naquela escola. “O Sr.Beihel foi o meu herói e será para sempre o meu herói. Nunca esquecerei o que ele fe por mim e pelos outros colegas na sala”, disse ainda Friend.

Chris Hixon, o diretor desportivo da escola que protegeu os alunos dos tiros

“Morreu um verdadeiro herói, a proteger os alunos dos tiros”, informou a igreja que frequentava. Chris Hixon tinha 49 anos. Dan Jacob, diretor desportivo da Escola Secundária de Coral Springs, descreve Hixon como “a melhor pessoa” que alguma vez conheceu. A mulher, Debra, em declarações à CNN, disse que Hixon costumava dar boleias ou dinheiro para o almoço aos alunos. “Cada um dos seus estudantes era encarado por ele como um filho”, revelou ainda Debra.

Os estudantes que morreram no tiroteio

Até ao momento, Aaron Feis, Scott Beigel e Chris Hixon são as únicas vítimas com idade adulta conhecidas. As restantes serão alunos da escola secundária.

Jaime Guttenberg 

Foi o pai da estudante de 14 anos que informou acerca da sua morte através do Facebook: “O meu coração está partido. Ontem, a Jennifer Bloom Guttenberg e eu perdemos a nossa pequena bebé num violento tiroteio na sua escola”.

Martin Duque Anguiano

Tinha 14 anos. A revelação de que tinha morrido foi feita numa conferência de imprensa, pelo xerife Scott Israel. O irmão partilhou no Instagram uma fotografia com Martin Duque Anguiano com a descrição: “Não há palavras para descrever a minha dor”.

Alyssa Alhadeff

De 14 anos, Alyssa jogava futebol na equipa Parkland Travel Soccer e participava no Camp Coleman, um campo de férias de verão judeu. A mãe, Lori Alhadeff, levou a filha à escola na manhã de quarta-feira. “Amo-te”, foi a última frase que lhe disse, segundo a CNN. A jovem foi dada como desaparecida pela avó depois do tiroteio. “Sabia, naquele momento, que ela tinha partido. Senti no meu coração”, revelou a mãe. Mais tarde, a prima confirmou através do Facebook que Alyssa era uma das vítimas.

Gina Montalto

Fazia parte da equipa de Winter Guard da escola. Tinha 14 anos. Foi dada como desaparecida depois de não atender o telemóvel. Mais tarde, um dos treinadores da equipa, Manuel Miranda, informou que Montalto era uma das vítimas.

Nicholas Dworet

Tinha acabado de receber uma bolsa para a Universidade de Indianapolis, onde foi recrutado para a equipa de natação. “A morte de Nick é uma lembrança de que estamos conectados a um mundo maior, e de que quando uma tragédia acontece em qualquer sítio do mundo, de vez em quando, afeta-nos em casa”, disse Robert L. Manuel, presidente da Universidade de Indianapolis, citado pela CNN.

A sua morte foi noticiada pela jornalista Glenn Greenwald, do jornal The Intercept, que partilhou as notícias no Twitter.

Luke Hoyer

De 15 anos, morreu no terceiro andar da escola. A informação foi confirmada por familiares. É lembrado pelo primo, Grant Cox, que falou à CNN, como “um indivíduo espetacular, sempre feliz, sempre a sorrir”. “O seu sorriso era contagiante bem como a sua gargalhada”, disse ainda.

Carmen Schentrup

Era semifinalista do programa de bolsas por mérito de 2017. Vários amigos confirmaram a sua morte através das redes sociais.

Meadow Pollack

Estava no último ano do secundário e planeava candidatar-se à Universidade Lynn, na Flórida. Tinha 18 anos. A morte foi confirmada na manhã que seguiu ao tiroteio.

Joaquin Oliver

De 17 anos, nasceu na Venezuela e mudou-se com a sua família para os Estados Unidos, quando tinha três anos. Tinha se tornado oficialmente um cidadão norte-americano em janeiro do ano passado.

Alaina Petty

Com apenas 14 anos, fez voluntariado depois de o furacão Irma ter atingido a Flórida, em Setembro, e participava em vários programas de voluntariado.  A família, num comunicado citado pela CNN, caracteriza-a como “vibrante e determinada” e alguém que “amava ajudar”. “Apesar de não irmos ter a oportunidade de vê-la crescer e tornar-se na mulher maravilhosa que sabíamos que se ia tornar, vamos manter uma perspetiva eterna”, disse ainda a família.

Cara Loughran

A confirmação de que Cara Loughran era uma das vítimas veio do conselheiro da igreja que frequentava. De 14 anos, dançava na Escola Drake, uma escola de dança irlandesa, no sul da Flórida, que emitiu um comunicado onde dizia que “Cara era uma bonita alma e tinha sempre um sorriso na sua cara”.

Alex Schachter

O estudante frequentava a banda da escola e foi o seu antigo instrutor que confirmou a sua morte.