Por “declarações totalmente absurdas, injuriosas e difamatórias que ofendem a reputação das instituições em causa e de todos os profissionais dos dois clubes, e que devem merecer a máxima atenção por parte dos responsáveis das competições desportivas”, a SAD do Benfica vai avançar com processos cíveis e criminais, “no âmbito da justiça desportiva e civil”, contra Nuno Saraiva, diretor de comunicação do Sporting, a propósito de declarações proferidas sobre a receção da equipa B dos encarnados à Académica, esta sexta-feira.

Mas, afinal, como se pode resumir este novo caso no futebol português entre os dois rivais lisboetas, desta vez com outro emblema histórico também pelo meio?

A 24 de fevereiro, o Sporting B recebeu a Académica no estádio Aurélio Pereira, em Alcochete, a contar para a 26.ª jornada da Segunda Liga. No final, os estudantes conseguiram ainda empatar nos descontos através de uma grande penalidade transformada por Nelson Pedroso (Rafael Barbosa, Pedro Delgado e Chiquinho tinham marcado os outros golos) e o jogo terminou mesmo em 2-2, apesar do domínio do conjunto de Coimbra, um dos principais candidatos à subida de divisão, sobretudo no decorrer do segundo tempo.

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“Tivemos nos últimos tempos um episódio que me causou preocupação e sobre o qual fiquei à espera do dia de hoje [sexta-feira] para perceber o que queria dizer. Quando a Académica foi jogar a Alcochete, houve um sururu no final com um dirigente da Académica que será facilmente identificado nas imagens. Não estava lá, mas foi-me relatado que, depois, o próprio presidente da Académica dirigiu-se ao treinador do Sporting B, Luís Martins, e disse-lhe: ‘Isto é uma vergonha, tanto anti-jogo. Se vão acabar com a equipa B nem se percebe o facto de não facilitarem. Depois vão querer os nossos votos para a AG da Liga. Daqui a 15 dias vamos ao Seixal e vamos ganhar fácil. Depois queixem-se’. Houve um outro dirigente que disse o mesmo ao Virgílio Lopes. O delegado da Liga, o sr. Sérgio Ferreira, assistiu à parte inicial da conversa e depois afastou-se”, disse Nuno Saraiva no programa Verde no Branco da Sporting TV, transmitido na noite desta sexta-feira.

“A verdade é que hoje [sexta-feira] a Académica foi ao Seixal ganhar por 4-0″, acrescentou o diretor de comunicação dos verde e brancos, antes de recuar também a novembro de 2017, ao 2.º Congresso da Académica.

“O senhor João Vasco Ribeiro disse o seguinte no 2.º Congresso da Académica: ‘Vamos voltar à Primeira Liga’. E importa saber quem é este senhor, porque é pai de Nuno Gaioso Ribeiro, vice-presidente do Benfica e de Luís Filipe Vieira, que esta semana esteve na televisão a fazer as despesas da defesa da direção do Benfica e da administração da SAD a propósito de Paulo Gonçalves. É também ele o responsável pelo fundo que reestruturou a dívida de Luís Filipe Vieira, de cerca de 600 milhões, do seu universo empresarial”, contou, antes de pedir uma investigação ao sucedido (mesmo salvaguardando que poderia não passar apenas de “conversa”).

“Não podemos dissociar aquilo que em novembro poderia ser a formulação de um desejo legítimo com aquilo que depois se passou há 15 dias, no túnel do estádio Aurélio Pereira, e com o que se passou hoje [sexta-feira] no Seixal. No mínimo, isto não pode deixar de ser investigado. Depois pode até considerar-se que não aconteceu nada, mas a verdade é que o que foi dito há 15 dias é grave. E o que aconteceu foi projetado há 15 dias. Resta saber se esta frase era apenas retórica ou se já era uma convicção assente que os dirigentes sabiam que ia haver uma ajudinha do Benfica a troco de uns votos na AG da Liga”, concluiu Nuno Saraiva.

Também a Académica, fazendo a distinção entre Sporting, dirigentes e adeptos e o diretor de comunicação leonino, negou qualquer tipo de comportamento “combinado” e destacou que passará o assunto agora para o departamento jurídico do clube para que “nos meios próprios, seja exigida a censura pública do interveniente pela violação grosseira de honorabilidade e bom nome, exigindo a reparação de todos os danos daí resultantes, que serão integralmente entregues a Instituições de Solidariedade Social”.

“A Associação Académica de Coimbra/OAF, não obstante as boas relações existentes com o Sporting, com o seu presidente, com a sua direcção e demais órgãos sociais, não pode deixar de desmentir, lamentar e repudiar as tristes e falsas declarações do funcionário sr. Saraiva. A AAC/OAF não confunde o Sporting, os seus representantes ou adeptos, por quem tem todo o respeito, com o funcionário sr. Saraiva. Pela nossa história, pelo nosso passado e pelos valores que nos orientam no presente, não podemos admitir a subserviência ou servir propósitos profissionais do funcionário Saraiva e dos seus ataques a outros clubes. Somos maiores do que isso. Exigimos respeito. Demarcamo-nos dessas guerras e dessas atitudes. Tratamos com igual respeito e educação todos os clubes e, por isso, exigimos o mesmo tratamento. A Académica não admite que seja retirado brio ou mérito às suas vitórias”, escreveu o clube em comunicado divulgado através das suas plataformas de comunicação.