O ministro das Finanças, Mário Centeno, assegurou esta quarta-feira que “ambição é coisa que não falta” ao Governo português e que assim vai continuar para o país conseguir responder aos desafios europeus como o da redução da dívida.

“A ambição, devo sublinhar, é coisa que não falta a este Governo. Nós conseguimos, ao contrário do que eram as expectativas gerais, ultrapassar todos os obstáculos que nos têm sido colocados”, afirmou Mário Centeno, que falava aos jornalistas à margem de uma conferência sobre crescimento económico organizada pelo jornal The Economist, em Cascais, Lisboa.

Segundo o responsável, o que este executivo pretende “continuar a fazer no futuro é a manter o mesmo nível de ambição para […] continuar no processo de redução da dívida, de permitir melhores condições de financiamento para, não só o Estado, mas também as empresas e famílias”.

Mário Centeno reagia, assim, à missiva que esta quarta-feira recebeu do vice-presidente da Comissão Europeia com a pasta do Euro, Valdis Dombrovskis, na qual Bruxelas solicita que Portugal apresente programas de Estabilidade e de Reformas ambiciosos em abril, com medidas que apostem na redução da dívida e do crédito malparado e no aumento da produtividade.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Não vale a pena fazer história longa, mas o que são hoje condições de financiamento da economia portuguesa, temos de reconhecer que têm muito pouco a ver com há um ano e isto é algo que só aconteceu com Portugal no contexto europeu”, observou Mário Centeno.

Até dia 30 de abril, o executivo português vai, assim, responder à Comissão Europeia, elencando “os desafios” nos quais “o Governo tem estado a trabalhar”.

Ainda assim, o governante salientou que estes desafios “têm sido abordados pelo Governo desde o início nos seus programas de estabilidade e de reforma”.

“Vivemos dias de reconhecimento do enorme sucesso que a economia portuguesa tem. Devo recordar que, na semana passada, tivemos a informação que Portugal tinha subido o nível na escala de avaliação da Comissão Europeia, no âmbito do semestre europeu, em relação aos desequilíbrios macroeconómicos, que deixaram de ser excessivos e passámos a integrar um grupo muito vasto de países europeus em que os desafios se mantêm, [como] a economia e o setor financeiro”, ressalvou.

Aludindo à meta do défice de 1,1% para 2017, Mário Centeno mostrou-se “bastante confiante no resultado orçamental de 2017”.

“É um resultado muito muito positivo e reflete o excelente estado da economia, o impacto nas receitas, mas também o enorme rigor com que Portugal tem executado os seus programas de despesa”, considerou o governante.

Contudo, garantiu que o Governo não está a usar “este momento económico […] para alavancar despesa, mas sim para, em equilíbrio, cumprir todos os compromissos”.

Já questionado sobre o facto de Portugal ter colocado esta quarta-feira 1.250 milhões de euros em Obrigações do Tesouro a 10 e 27 anos às taxas de juro de 1,778% e 2,8%, respetivamente, inferiores às dos anteriores leilões comparáveis, o responsável pela pasta das Finanças vincou que esta é “uma das boas notícias do dia”.

“Portugal teve hoje uma colocação com as mais baixas taxas de juro aos prazos que foram colocados. A taxa de 1,77 a 10 anos é, de facto, assinalável e demonstra a confiança dos mercados em relação à economia portuguesa e ao seu desempenho”, notou.

O governante falou ainda da concessão de críticas à Associação Mutualista Montepio, argumentando que, “num Estado de direito aplicam-se as leis e o que feito foi a aplicação do quadro legal previsto para essas situações”. “Não me parece que fosse de esperar outra coisa do Governo português”, adiantou.