Já passaram quatro meses desde que o Circuito de Yas Marina, em Abu Dhabi, recebeu a última prova da temporada de 2017 da Fórmula 1 mas a espera pelas corridas está prestes a terminar, uma vez que o Grande Prémio da Austrália acontece já este fim-de-semana. O circuito de Melbourne já está pronto para receber os 20 pilotos que compõe o pelotão e os espectadores da casa esperam assistir a um bom desempenho por parte de Daniel Ricciardo (Red Bull), piloto australiano que nunca conseguiu ficar no pódio a correr no próprio país.

Outro motivo de interesse é tentar perceber como poderá ser a luta deste ano entre Sebastian Vettel (Ferrari) e Lewis Hamilton (Mercedes), com ambos os pilotos a tentarem conquistar o quinto título de campeão do mundo. O ano passado a luta pelo campeonato foi interessante, com Vettel a ganhar a primeira corrida de 2017, precisamente na Austrália, e a só perder a liderança do mundial para Hamilton 12 corridas depois, no Grande Prémio de Itália. Seguiram-se três corridas para esquecer: em Singapura, um acidente com o colega Kimi Räikkönen logo na partida deixou o alemão fora da corrida; na Malásia teve problemas com o motor que o impediram de fazer a qualificação e obrigaram-no a partir em último; e no Japão teve (outra vez) problemas com o motor e abandonou novamente. A porta do título ficou escancarada para Lewis Hamilton e deixou muita gente a pensar naquilo que poderia ter sido a decisão do título se Vettel não tivesse tido estes problemas.

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Na conferência de imprensa de antevisão do fim-de-semana, que decorreu na madrugada desta quinta-feira, Vettel disse que a equipa “tem todas as razões para estar confiante” no ano de 2018 e foi também questionado sobre quais são as maiores fraquezas do rival Lewis Hamilton:

Não há muitas. Acho que ele tem vindo a fazer um trabalho muito bom ao longo dos anos. Acho que é sempre estranho responder a essa questão quando a outra pessoas está sentada mesmo ao teu lado. Acho que todos temos as nossa fraquezas. Algumas podem ser parte do nossa caráter, outras da nossa condução — mas para ser honesto não penso muito nisso.”

Hamilton falou sobre o facto de estar à frente de Vettel em muitas das estatísticas (como vitórias em grande prémios, pódios e pole positions) mas disse que é algo a que não dá importância: “Não é algo em que costumo pensar, para ser honesto. Não tenho nenhuma opinião em relação a isso”. O piloto britânico foi também confrontado com uma pergunta sobre as declarações de Nico Rosberg, antigo colega na Mercedes, na Sky Sports. O alemão disse que Hamilton é “quase imbatível” mas que o seu “ponto fraco” é a “inconsistência”, opinião não partilhada pelo atual campeão do mundo.

Penso que provei o contrário no ano passado. Mas há gente que faz tudo para aparecer e esta é uma forma de o fazer… O objetivo este ano é ser ainda mais consistente e penso que foi pela consistência que ganhei no ano passado”

Este ano, a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) decidiu introduzir uma alteração à corrida australiana, criando uma nova zona de DRS e fazendo com que o circuito de Melbourne passe a ter três zonas onde os pilotos podem usar este sistema, que lhes permite alterar o ângulo do flap da asa traseira — o que reduz o arrasto e aumenta a velocidade do veículo — quando estão a menos de um segundo do carro da frente. A nova zona de DRS fica entre a saída da curva 12 e a chegada à curva 13.

Na semana passada a Pirelli anunciou quais os três tipos de pneus que ia disponibilizar aos corredores para este fim-de-semana: um jogo de pneus macios, um de pneus super-macios e outro de ultra-macios, sendo que cada piloto pôde depois escolher mais 10 jogos de pneus, sempre dentro desta janela de opções. Lewis Hamilton escolheu mais dois jogos de super-macios e oito de ultra-macios e o colega de equipa, Valtteri Bottas, vai poder usar mais um jogo de macios, outro de super-macios e sete de ultra-macios. Os dois pilotos da Ferrari fizeram escolhas iguais: dois jogos extra de macios e super-macios e sete de ultra-macios.

A pausa de inverno foi inevitavelmente marcada pela grande novidade introduzida nos carros: o halo. Esta peça tem o objetivo de impedir (ou pelo menos reduzir) a possibilidade de os pilotos serem atingidos na cabeça por objectos, rodas ou destroços. Mas não é a única novidade para este ano. A Pirelli apresentou dois novos tipos de pneus, o peso mínimo dos carros aumentou, há três pilotos que podem atingir uma marca especial e a Mercedes vai tentar igualar um recorde da Ferrari.

Halo, a mudança mais polémica

Este ano os carros de Fórmula 1 estão diferentes e a mudança é bem visível. O halo pretende proteger os pilotos mas tem dividido opiniões, principalmente pelo facto de o pilar central poder obstruir a visão dos pilotos . O chefe da Mercedes, Toto Wolff, chegou a dizer que cortava a peça se lhe dessem uma motoserra. Também Max Verstappen (Red Bull) e Nico Hülkenberg (Renault) criticaram a novidade introduzida pela FIA. Mas também houve quem dissesse que o halo não é problema, como Carlos Sainz Jr. (Renault), que admitiu que se habitou bem ao novo elemento nos testes de simulação.

Já viu os novos carros de Fórmula 1? Esta é a novidade que está a causar polémica

O halo é um tubo oco com 50 milímetros de diâmetro e pesa 9kg. Tem que resistir a pancadas fortíssimas e tem que ser substituído ao mínimo sinal de fadiga ou fissura. Devido a esta alteração o peso mínimo dos carros foi aumentado para 734kg, uma diferença de 6kg em relação ao ano passado. Isto fez com que os engenheiros tivessem que pensar na melhor forma de distribuir o peso e obrigou a fazer novos cálculos para ter um centro de gravidade mais baixo.

Mais cores para o arco-íris da Pirelli

Esta época fica também marcada pela estreia de dois novos pneus da Pirelli para piso seco, que acrescenta assim duas cores ao arco-íris que tem vindo a ‘construir’ ao longo dos anos. A marca italiana criou os pneus super-duros (laranja) e os hiper-macios (rosa). Além disso, todos os pneus que já existiam vão ser mais macios do que na temporada de 2017, o que vai fazer com que as corridas com duas paragens nas ‘boxes’ sejam mais comuns. Os pneus para piso molhado não sofreram qualquer alteração.

Em busca de recordes

Vettel, Räikkönen e Alonso (McLaren) podem chegar aos 100 pódios esta época. Aquele que, aparentemente, tem a tarefa mais fácil é o alemão, que está apenas a uma presença no pódio de alcançar essa marca. Alonso tem neste momento 97 pódios na carreira mas não é fácil dizer se conseguirá atingir os três dígitos, uma vez que não está numa equipa que se possa considerar favorita. O finlandês Kimi Räikkönen é quem está mais longe desta meta, com as atuais 91 presenças no pódio. Quem conseguir entra num grupo restrito, onde apenas estão Michael Schumacher, Lewis Hamilton e Alain Prost.

Alonso tem ainda mais uma marca interessante a atingir: a das 300 corridas na Fórmula 1 — tem atualmente 293. Esta, em princípio, é fácil de alcançar, e se não houver imprevistos o piloto espanhol vai assinalar a marca no Grande Prémio do Canadá.
E será que a Mercedes vai conseguir igualar um recorde da Ferrari? Até agora a scuderia italiana foi a única a conseguir cinco títulos de construtores consecutivos mas as ‘flechas de prata’ vêm de uma série de quatro campeonatos seguidos e esperam igualar a marca do ‘Cavalinho Rampante’.

Por fim, há ainda o interesse de perceber se Vettel ou Hamilton vão conseguir o quinto mundial de pilotos, algo que a acontecer vai colocar um deles no segundo lugar dos corredores com mais títulos, em igualdade com o argentino Juan Manuel Fangio. Na conferência de imprensa desta quinta-feira, Lewis Hamilton disse que não está a pensar nisso: “Vai ser uma temporada muito longa. Nesta altura, ninguém está, realmente, a pensar em equiparar-se a outros pilotos campeões mundiais”. Também Sebastian Vettel tentou desvalorizar o assunto: “Claro que se acontecer vai significar muito mas por agora não percebo o interesse de pensar nisso”.

  • Horários das sessões (Portugal continental)
    *1.º treino livre (sexta-feira, 1h00)
    *2.º treino livre (sexta-feira, 5h00)
    *3.º treino livre (sábado, 3h00)
    *Qualificação (sábado, 6h00)
    *Corrida (domingo, 6h10)