Centenas de milhares de norte-americanos participaram este sábado, dia 24, em manifestações históricas contra as armas de fogo em várias cidades dos Estados Unidos, após a repetição de tiroteios em escolas.

Em Washington, uma multidão percorria as avenidas entre a Casa Branca e o Capitólio, com a imprensa local a dar conta de mais de meio milhão de pessoas, adolescentes e adultos, a pedirem medidas para que se ponha fim à violência armada. Estão previstos 800 protestos e desfiles em várias cidades dos Estados Unidos e do mundo, com os jovens em destaque. Em Nova Iorque, Atlanta, Chicago ou St. Paul (Minnesota), milhares de pessoas concentraram-se ao fim da manhã (hora local) para manifestar o seu apoio a este movimento pelo controlo das armas de fogo.

O protesto nacional surgiu em reação ao massacre de 14 de fevereiro, quando 17 pessoas foram mortas num liceu da Florida. A frustração tem aumentado face à inércia dos legisladores e dos poderes públicos, que manifestam reservas em agir contra o poderoso ‘lobby’ norte-americano das armas de fogo, a NRA. Colion Noir, advogado, membro da NRA e ativista pelo uso das armas já comentou as manifestações: “Ninguém saberia os vossos nomes” se não tivessem sido vítimas de um tiroteio.

A Casa Branca também emitiu um comunicado a elogiar os estudantes que saíram à rua ao longo deste sábado: “Aplaudimos todos os corajosos jovens americanos”. No mesmo comunicado, a porta-voz da Casa Branca, Lindsay Walters, disse que a prioridade do presidente norte-americano Donald Trump é “manter as crianças seguras”.

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“É assustador ir à escola sabendo o que se está a passar”

Na gigantesca manifestação de Washington viam-se cartazes a pedir que a situação não se repita. “Hoje é o começo de um novo e brilhante futuro para o nosso país. Saímos à rua para exigir leis de controlo de armas. Nós somos a mudança”, afirmou perante a multidão Cameron Kasky, um dos sobreviventes do tiroteio de 14 de fevereiro na Florida. “Sou o próximo?”, pode ler-se noutro cartaz.

Kasky, de 17 anos, foi um dos organizadores desta “Marcha pelas nossas vidas”. “É assustador ir à escola sabendo o que se está a passar, é muito triste. Queremos uma solução em breve”, disse à agência Efe Dayana Batres, uma estudante de 14 anos de uma escola secundária de Maryland, que participou neste protesto com a mãe e duas irmãs.

Temos medo de ir à escola porque não sabemos se seremos os próximos”, explicou Lauren Tilley, de 17 anos, citada pela AFP, que se deslocou da Califórnia para participar na iniciativa.

Desde o início do ano, já foram registados 33 incidentes com armas em centros educativos nos Estados Unidos, segundo dados da organização Everytown for Gun Safety.