Letizia e Sofía, duas rainhas de Espanha, a primeira regente e nora, a segunda emérita e sogra. No passado domingo, a família real espanhola esteve na catedral de Palma de Maiorca para assistir à missa de Páscoa, incluindo o rei emérito Juan Carlos, que não assistia à celebração pascal desde 2014, ano em que abdicou do trono em favor do filho, Felipe VI. Até aqui, tudo bem. No final, Sofía aproximou-se das netas, Leonor de 12 anos e Sofía de 10, para que lhes tirassem uma fotografia. Letizia pôs-se à frente e chegou mesmo a sacudir a mão da sogra do ombro de uma das filhas.
Caldo entornado? Pode dizer-se que sim, já que o vídeo se tornou viral e resultou em insultos e vaias na primeira aparição de Letizia em público após o episódio. Depois disso, uma amiga próxima veio dizer num programa de televisão que a rainha está “desolada e preocupada”, mas não foi a única a comentar o sucedido. Marie-Chantal Miller, prima de Felipe VI, reagiu no Twitter, dizendo: “Nenhuma avó merece este tipo de tratamento! Wow ela mostrou a sua verdadeira cara”.
[Veja no vídeo os desamores dentro da casa real espanhola]
Embora a reação da rainha no domingo de Páscoa tenha sido motivo de choque, a relação entre nora e sogra já não era a melhor. Terá Letizia entrado na casa real espanhola com o pé esquerdo? Não propriamente, segundo recorda o El Confidencial. Ou, pelo menos, não com Sofía. O jornal espanhol relembra que a então rainha regente foi a primeira a desvalorizar o “deixa-me falar” de Letizia aquando o anúncio público do casamento real, em 2003. A mesma publicação destaca o papel brando e conciliador de Sofía durante a entrada da jornalista para a família. O El País explora ainda as palavras de Letizia no dia do anúncio, a noiva do príncipe agradeceu publicamente à rainha “a sua impagável ajuda” e disse ainda que Sofía seria o seu modelo de rainha.
Em junho 2015, outra troca pública de elogios, quando Sofía recebeu das mãos de Letizia um prémio do Comite Espanhol da Unicef. “Nunca a palavra sogra soou tão bem”, afirmou a nova rainha, por entre o discurso escrito. “Agoras, és tu quem continuará este trabalho que tanto me entusiasmou. Desejo-te o melhor nesta tarefa maravilhosa”, retorquiu a rainha emérita.
Por outro lado, Palma de Maiorca, destino favorito da família real espanhola para passar as férias de verão, sempre foi um ponto de discórdia. “Que a rainha Letizia não gosta de Maiorca não é segredo”, escreveu o Le Confidencial, em agosto do ano passado, relembrando também palavras da própria rainha quando disse: “Não são férias”. Mas nesse ano em particular, Letizia não se limitou a desrespeitar o protocolo. Todos os verões, um dos momentos mais aguardados na cidade é a chegada dos reis ao Palácio Real de La Almudaina. Letizia saiu do carro com Felipe e percorreu o corredor saudando os subditos. Mais uma vez, até aí, tudo bem. A questão foi o passo apressado com que o fez. Resultado: chegou às portas do palácio muito antes do marido, não esperou por ele para entrar e ainda ignorou olimpicamente a sogra que esperava para receber o casal junto à portas.
Depois, há a história dos caramelos de anis, contada pelo El Español. O jornal relembra que estes caramelos são as guloseimas favoritas da rainha Sofía e que esta tinha por hábito distribuí-las pelas netas. Um belo dia, no clube náutico, em Maiorca, a avó decidiu dar alguns caramelos a Leonor e a Sofía. A reação de Letizia — que a publicação descreve como tendo uma obsessão pela alimentação das filhas — terá sido escandalosa. No livro A Rainha Bem de Perto, Pilar Urbano também faz referência à dieta da princesa e da infanta. A jornalista espanhola acompanhou de perto o dia-a-dia de dona Sofía e partilhou impressões da rainha sobre o facto de Leonor, a neta mais velha, explicar aos primos o que era alimentos antioxidantes. Os comentários incomodaram Letizia.
Também nas visitas dos avós parece haver diferenças. O El Confidencial fala na facilidade com que Paloma e Telma, a mãe e a irmã de Letizia, aparecem para ver as netas e sobrinhas. No caso da avó paterna, as visitas são combinadas com maior antecedência, sob o pretexto de “não alterar o horário infantil”.
A desarmonia voltou a ser visível em público, em maio do ano passado. No funeral da infanta dona Alicia, a família real compareceu em peso, incluindo a infanta Cristina, afastada do convívio familiar, depois de ter estado envolvida, tal como o marido, num caso de fraude, o caso Nóos. O mesmo jornal fala nos olhares das irmãs de Felipe VI na direção de Letizia. Por um lado, o processo judicial terá desagradado ao rei e à rainha Letizia, por outro, Sofía parece querer que o filho levante o veto que declarou sobre a própria irmã. Num artigo publicado em janeiro deste ano, o El Español chega mesmo a dizer que “Letizia nunca se deu bem com as cunhadas”.
O mesmo tema poderá ter contagiado a relação entre nora e sogra, sobretudo depois de, em 2011, a rainha Sofía se ter deixado fotografar em Washington com Cristina, Urdangarin, o marido, na altura arguido e entretanto condenado a seis anos e três meses de prisão, e os filhos do casal. “A princesa Letizia estava ciente dos excessos do cunhado e como isso poderia afetar a instituição”, escreve agora a mesma publicação.