Os franceses de Engie estão a estudar a possibilidade de lançar uma oferta de aquisição sobre a EDP – Energias de Portugal, noticia a imprensa francesa. Segundo a televisão BFM Business, já existiram “contactos preliminares de alto nível” entre António Mexia e os responsáveis da utility francesa, mas uma decisão só será tomada a partir de meados de maio, quando o novo presidente do conselho de administração da Engie tomar posse. Em comunicado enviado à CMVM, a EDP desmente que tenha havido “quaisquer contactos”.

As notícias já levaram as ações da EDP a subir cerca de 8%, uma valorização que se atenuou, entretanto, para cerca de 3,66%. De acordo com a televisão francesa, que não especifica onde obteve a informação, esta já é a terceira vez que a compra da EDP é estudada pela Engie: uma primeira vez em 2007, outra em 2013, pouco depois de o Estado português ter sido empurrado a vender a sua posição aos chineses da China Three Gorges.

O principal obstáculo ao negócio, diz a notícia dada pela BFM, que é detida pelo grupo Altice, será a presença do acionista chinês, que “não é fácil de gerir”. Além disso, a concorrente da Engie — EDF — já tem uma posição forte no Brasil, o que poderia concorrer com os ativos que a EDP também tem num país onde a instabilidade se instalou nos últimos meses e anos. Contactada pela delegação de Paris da Reuters, a Engie não comentou a notícia.

Outro entrave a uma eventual fusão seria o impacto que este negócio teria na concentração da produção de eletricidade em Portugal. Os franceses da Engie controlam 50% da Trust Energy, empresa que gere o segundo principal produtor de energia elétrica, dono das centrais da Turbogás (gás natural), do Pego (gás natural e carvão), e ainda de vários parques eólicos. O outro acionista da Trust Energy é o grupo japonês Marubeni. A EDP controla já a maior fatia na geração de eletricidade no mercado nacional.

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Mas para os grupos europeus, o principal atrativo da elétrica portuguesa é a EDP Renováveis que tem uma forte presença em vários mercados na Europa e nos Estados Unidos. A EDP fez uma oferta no ano passado para adquirir a totalidade da EDP Renováveis, retirando-a da bolsa, mas só conseguiu comprar mais 5% do capital,

EDP desmente contactos, mas já não é o primeiro rumor

Para a gestão da EDP, um investimento da Engie seria uma forma de evitar que a China Three Gorges ganhe cada vez maior poder na empresa, aumentando a posição face aos atuais 23,27% (o Estado chinês tem mais de 28% se considerarmos a posição detida pela CNIC Corporation). Um outro grupo industrial como parceiro seria um contrapeso em relação aos chineses. Mas em comunicado difundido na CMVM, a elétrica “vem esclarecer o mercado de que não foram estabelecidos quaisquer contactos, nem mantidas quaisquer negociações com vista a operações de consolidação”.

Gas Natural terá reunido com António Costa para propor fusão com EDP

Nos últimos meses, têm-se multiplicado notícias sobre o interesse de grandes empresas de energia europeias na EDP. A espanhola Gas Natural tem sido um dos nomes mais referidos, com contactos feitos ao mais alto nível. E o canal francês BFM Business admite que a procura de um investidor industrial alternativo tenha também chegado à Enel, a elétrica italiana que já é um dos principais operadores no mercado ibérico e um grande concorrente da elétrica portuguesa, através da Endesa.