O primeiro-ministro timorense, Mari Alkatiri, afirmou esta sexta-feira estar pronto a debater o tema das fronteiras marítimas com o líder da oposição, Xanana Gusmão, mas apenas depois das eleições de 12 de maio.
Xanana Gusmão, líder da Aliança de Mudança para o Progresso (AMP) — que reúne os três partidos da oposição maioritária — tem feito durante a campanha referências regulares ao assunto, especialmente a explicar o acordo que negociou com a Austrália.
Esse tratado foi assinado a 6 de março passado, em Nova Iorque, numa cerimónia a que Xanana Gusmão não assistiu. O documento está agora no processo de ratificação parlamentar, tendo ficado por acordar o modelo de exploração dos campos de Greater Sunrise.
Durante a campanha, Xanana Gusmão, que já explicou todo o processo negocial a centenas de pessoas, desafiou Mari Alkatiri e o ministro de Estado, José Ramos-Horta, que tem participado na campanha da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), para um debate televisivo sobre o assunto.
Questionado sobre se aceita o desafio, Mari Alkatiri, também secretário-geral da Fretilin, disse estar pronto para o debate, mas que só o fará depois das eleições, por considerar que o assunto é uma questão de Estado e não deve fazer parte da campanha. “Estou pronto para o debate, mas só depois das eleições. Não quero a fronteira marítima como problema eleitoral. Se o debate for antes, estou a fazer o jogo de Xanana Gusmão que tem metido esse assunto na campanha”, afirmou.
“Não deve estar campanha”, sublinhou.
Nos comícios em que participou, Xanana Gusmão tem afirmado que a sua equipa negocial conseguiu, com o novo tratado, um resultado muito mais positivo para Timor-Leste, ao colocar em águas timorenses os poços já explorados, do que o tratado anterior negociado por Mari Alkatiri.
Militantes da AMP têm tentado também promover o argumento de que Mari Alkatiri e a Fretilin não apoiam a vinda para Timor-Leste de um gasoduto do Greater Sunrise, a questão mais complexa nas negociações ainda em curso com a Austrália e as petrolíferas.
Mari Alkatiri recordou que os anteriores acordos entre Timor-Leste e a Austrália sobre os recursos do mar de Timor permitiram a Díli obter mais de 30 mil milhões de receitas que financiaram o Estado nos últimos dez anos.
Por isso, numa recente entrevista à Lusa, o primeiro-ministro timorense defendeu que sem eles não teria sido possível sequer ter as condições para alcançar o acordo histórico, que define pela primeira a linha permanente de fronteira entre os dois países e que foi assinado em março.
Questionado sobre o debate da questão e, em concreto, sobre as opções relativamente ao desenvolvimento do Greater Sunrise, Mari Alkatiri disse que a sua posição não mudou.
“Se as pessoas querem criar expectativas só para ter votos que criem. Desde sempre defendo o gasoduto para Timor. Mas agora ainda estamos a negociar. E se assinássemos hoje esse acordo, só viria daqui a 15 anos. 15 anos. Não são 15 meses”, afirmou.
A campanha eleitoral decorre até 09 de maio. No voto, para escolher os 65 deputados da quinta legislatura, participam oito partidos e coligações, no menor número de sempre, e o maior número de eleitores.
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