“O nosso objetivo é criar uma experiência em seja possível falar com alguém como se estivesse na mesma sala, mesmo que esteja no outro lado do mundo”, disse Mark Zuckerberg, presidente executivo do Facebook, ao anunciar que, a partir desta terça-feira, os Oculus Go, uns novos óculos de realidade virtual móveis e sem fios, foram lançados no mercado. São mais pequenos, (bem) mais baratos e mais cómodos que os Oculus Rift, o dispositivo que a empresa de Menlo Park adquiriu por 1,6 mil milhões de euros em 2016.
Acreditamos que este dispositivo é muito acessível. Para quem quiser experimentar realidade virtual é a experiência mais fácil: não há fios, computadores ou smartphones para configurar”, explicou Madhu Muthukumar ao Observador, gestor de produto do Oculus Go.
O nome “Go” simboliza as grandes novidades neste dispositivo: a ausência de fios e ter uma bateria própria. Com versões de 32 e 64gb, estes Oculus têm bateria até duas horas e permitem, num ambiente virtual, ver filmes, jogar videojogos e, com avatares, falar com amigos que estejam noutras partes do mundo. Não são o primeiro equipamento com estas funções, mas são os primeiros óculos de realidade virtual com ecrã incorporado e sem fios a chegar ao grande mercado com acesso rápido centenas de aplicações próprias. Por esta razão, podem ser um passo decisivo no crescimento desta indústria.
Os Go permitem o acesso a mais de mil aplicações, desde ver filmes e séries com o Netflix ou o Hulu, ler notícias em realidade virtual com o The New York Times. Algumas aplicações são iguais às já disponíveis no Oculus Rift, como o jogo Catan VR, no entanto, por não terem a capacidade de processamento do Rift, a loja de aplicações é semelhante à dos Samsung Gear VR. Segundo o Facebook, só devem ser utilizados por pessoas com idades superiores a 13 anos.
A realidade virtual é uma das grandes apostas no Facebook, no entanto, o grande desafio continua a ser o preço. Mesmo sendo mais “acessíveis economicamente”, como afirma Muthukumar, com um preço recomendado de 219 euros na Europa, continua a ser um dispositivo que vai pesar numa carteira. Sobre isso, o responsável da Oculus explica que os Go “são um meio termo” entre o equipamento topo de gama que vendem e o Samsung Gear VR, um acessório para smartphones se tornarem em dispositivos de realidade virtual desenvolvido em parceria com a Oculus.
Quanto aos riscos de este equipamento ser um incentivo para as pessoas se isolarem em mundos virtuais, o responsável da empresa deixa uma recomendação: “Temos de ser cautelosos”. No entanto, justifica que é por esse cuidado que ” por isso é que o foco das apps é juntar pessoas”. A maioria das aplicações tem uma vertente social, ao ligar as pessoas pela Internet (um dos exemplos é poder-se ver um jogo desportivo em realidade virtual com um amigo “ao lado”, só que o amigo está, na realidade, numa casa diferente.
Quem já experimentou experiências de realidade virtual com acessórios para telemóveis vai encontrar claras melhorias neste produto. Contudo, continua a ter limitações associadas a estes dispositivos. O ângulo de visão ainda é reduzido e, para quem tem óculos, apesar de ser possível utilizar sem os tirar, continua a ser um fator que retira conforto à experiência. Quanto a isso, o responsável da Oculus assume que a tecnologia ainda tem por onde evoluir: “Precisam de ser mais pequenos”. Mesmo assim, a Oculus permite, por um preço extra, comprar lentes graduadas especiais para se utilizar com este dispositivo.
Os Oculus Go estão disponíveis em Portugal a partir do site oficial do Oculus. Chegam a um mercado onde não têm um claro concorrente direto, estando o Google Daydream a concorrer com o Gear VR e os mais caros, Oculus Rift, a competir com os HTC Vive (também da Google). Segundo especialistas, estes produtos com ecrã próprio e sem fios vão massificar a utilização de capacetes de realidade virtual.
*O Observador está no F8, em São José, na Califórnia, a convite do Facebook