Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, é suspeito de ter criado um “esquema malicioso e fraudulento” para extrair informações privadas para ganhar mais utilizadores na rede social e atingir o monopólio do negócio ao afastar possíveis rivais. De acordo com a notícia avançada pelo The Guardian, uma companhia norte-americana, a Six4Three, processou o Facebook e alega que Mark Zuckerberg por ter acedido aos dados das redes de amizades mantidas por qualquer utilizador da rede social, um esquema igual ao que era usado pela Cambridge Analytica para deturpar as eleições norte-americanas.
Na base das suspeitas estão e-mails e mensagens trocadas entre executivos do Facebook, entre os quais Mark Zuckerberg, que seria o líder do esquema. A empresa já veio contrariar todas as acusações e protege-se dizendo que a primeira emenda permite que as empresas tomem “decisões editoriais” como achar melhor. Este argumento pode não jogar a favor de Mark Zuckerberg, opina Heather Whitney, uma académica que estuda a rede social: “O facto de o Facebook dizer em tribunal que é um editor para fins da primeira emenda e sendo assim livre de censurar o alterar os conteúdos disponíveis na página entra em tensão com as recentes promessas de ser uma plataforma neutra”.
Segundo o The Guardian, a Six4Three já respondeu à defesa arquiteturada pelo Facebook: a companhia contra-argumentou com milhares de e-mails cujos conteúdos não foram divulgados, mas se a empresa de Mark Zuckerberg não pedir para esse material permanecer fechado até terça-feira da próxima semana ele será divulgado e tornado público. Este caso já está aberto desde 2015, quando o Facebook retirou o acesso dos programadores aos dados dos amigos e a Six4Tree acusou o Facebook de não só estar ciente das falhas na política de privacidade, mas também as de explorar.
A empresa ainda acrescenta que Zuckerberg fez de vítima do escândalo da Cambridge Analytica, quando na verdade foi um dos que ativamente abusou dos dados dos utilizadores. Num dos documentos dados pela companhia aos tribunais pode ler-se: “Zuckerberg armou os dados de um terço da população do planeta a fim de encobrir a falha na transição dos negócios do Facebook dos computadores fixos para os anúncios nos telemóveis antes que o mercado percebesse que as projeções financeiras do Facebook em 2012 eram falsas”.
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Isto afetou diretamente várias empresas, segundo a Six4Tree: esta companhia alega que quando esses negócios já estavam em andamento e dependentes dos “gostos”, dos aniversários, das listas de amigos ou de outros detalhes de uma página de Facebook, a empresa de Zuckerberg escolheria as mais bem sucedidas para lhes extrair dinheiro ou destruir. Isto terá afetado 40 mil companhias. Sobre este assunto, o Facebook defendeu-se: “A Six4Tree está a tirar partido num conjunto cada vez maior de reivindicações e todas as reivindicações baseiam-se num único aspeto: a decisão editorial do Facebook de parar de publicar conteúdo gerado pelo usuário através da plataforma para desenvolvedores de aplicativos de terceiros”.