O jornalista russo que foi dado como morto esta quarta-feira afinal está vivo. Numa conferência de imprensa na Ucrânia, juntamente com o chefe de segurança dos serviços ucranianos, Arkady Babchenko confessou que tudo não passou de um plano inserido na investigação das ameaças de morte que recebia.
Segundo o jornal britânico The Guardian, a conferência de imprensa tinha como objetivo falar dos desenvolvimentos na investigação do homicídio de Babchenk. No entanto, também o próprio jornalista apareceu na sala.
O assassinato de Babchenko foi noticiado esta quarta-feira e causou uma onda de indignação, com acusações mútuas entre dirigentes ucranianos e russos. De acordo com a imprensa internacional o jornalista, que era muito crítico do presidente russo, foi assassinado com três tiros nas costas no seu apartamento, na capital ucraniana. O chefe da polícia de Kiev, Andriy Krishchenko, tinha atribuído a causa do assassinato à profissão de Arkady Babchenko, acrescentando que este tinha morrido na ambulância.
Babchenko, com 41 anos, é um crítico das políticas do Kremlin, apontando a anexação da Crimeia, o apoio aos insurgentes separatistas no leste da Ucrânia e a campanha russa na Síria. No ano passado, o jornalista fugiu para Kiev, depois de ser alvo de várias ameaças de morte.
Segundo a Reuters, Babchenko apareceu na sala e, quase em lágrimas, confessou que tudo não passou de uma operação especial ucraniana para impedir um plano da sua morte, pensado pelos russos. “Queria pedir desculpa por tudo o que tiveram de passar”, disse o jornalista, acrescentando que “não havia outra forma de o fazer”.
A mulher de Arkady Babchenko não sabia que a sua morte tinha sido encenada: “Queria pedir desculpa à minha esposa pelo inferno que ela tem passado”, referiu. A operação estava a ser preparada há dois meses.
Ainda antes do jornalista aparecer na sala, Vasily Gritsak, diretor dos serviços de segurança da Ucrânia disse que graças à operação foi possível “frustrar uma provocação cínica e documentar os preparativos deste crime pelos serviços especiais russos”.
Horas após o anúncio da morte de Babchenko, o primeiro-ministro ucraniano escreveu no Facebook que estava confiante de que “a máquina totalitarista russa não o perdoou pela sua honestidade e postura”. “Ele foi um grande amigo da Ucrânia que disse ao mundo a verdade sobre a agressão russa”, acrescentou.