Detetar 10 tipos de cancro diferentes numa simples análise ao sangue? Não é ainda uma realidade nas idas de rotina ao médico, mas pode bem vir a sê-lo. Isso mesmo anunciaram investigadores do Instituto de Cancro Taussing e da Universidade de Stanford na conferência anual da Sociedade de Oncologistas Americanos, onde apresentaram resultados de um estudo sobre o teste conhecido como “biópsia líquida”.

O teste em causa, explica o jornal The Guardian, deteta pequenos fragmentos de ADN libertados pelas células cancerígenas no sangue. A investigação incluiu mais de 1600 pessoas, das quais 749 não tinham qualquer tipo de cancro diagnosticado e 878 a quem tinha sido diagnosticado recentemente a doença. Todas foram submetidas à análise ao sangue, tendo o teste conseguido diagnosticar de forma mais rigorosa os casos de cancro do pâncreas, ovários, fígado e bexiga — ao todo, nestes casos, o teste foi capaz de diagnosticar corretamente quatro em cada cinco pacientes.

“Isto é um Santo Graal em potência da investigação cancerígena: encontrar cancros que são difíceis de tratar numa fase inicial da doença, quando é mais fácil tratá-los”, explicou Eric Klein, investigador principal da equipa. “Esperamos que isto salve muitas vidas”, acrescentou, referindo-se ao potencial do teste para poder vir a ser utilizado de forma “universal” nos sistemas nacionais de saúde. “Ainda estamos a alguma distância disso e precisamos de mais investigação, mas poderia vir a ser aplicado em adultos saudáveis de determinada idade, como os que têm mais de 40 anos”, ilustra.

Ao Telegraph, Nicholas Turner, do Instituto de Investigação do Cancro em Londres, mostrou-se esperançoso nos resultados desta investigação. “Muitos cancros são detetados já demasiado tarde, quando não é possível operar os doentes e as hipóteses de sobrevivência são poucas”, explicou. “Este teste específico é muito entusiasmante, mas provavelmente ainda demorará alguns anos até estar disponível para uso clínico.”

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