A unidade de análise económica do Standard Bank considera que o continente africano vai acelerar o crescimento económico nos próximos dois anos, beneficiando do aumento dos preços das matérias-primas e nas “robustas” condições macroeconómicas globais.

“O crescimento económico em África vai provavelmente acelerar nos próximos dois anos”, escrevem os analistas, notando que “a economia global forte parece suficiente robusta para elevar os preços das matérias-primas”, pelo que “o crescimentos dos exportadores africanos vai novamente ganhar fôlego”.

Na mais recente análise dos mercados africanos, enviada aos investidores e a que a Lusa teve acesso, os analistas do Standard Bank não apresentam uma previsão concreta de crescimento económico, mas escrevem que, “tal como foi evidente quando os preços das matérias-primas desceram, especialmente entre meados de 2014 e o princípio de 2016, a recuperação do crescimento económico não será uniforme entre os países produtores”.

A subida dos preços das matérias-primas, nomeadamente o petróleo, que tem vindo a recuperar sustentadamente para agora estar perto dos 80 dólares por barril, não fez com que os países africanos “embarcassem em exuberância”, mantendo previsões “bastantes conservadoras” nos seus orçamentos, diz o Standard Bank, notando que, para além da Nigéria, o orçamento de Angola, por exemplo, “coloca o preço do barril de petróleo nos 50 dólares”.

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Isto, dizem os analistas, “deve garantir uma receita adicional se os preços do petróleo se mantiverem consideravelmente mais altos que as assunções orçamentais, com estes países a assegurarem excedentes orçamentais que podem aumentar as reservas em moeda estrangeira”.

A recuperação dos preços do petróleo, uma boa notícia para a generalidade dos países africanos produtores, não deve, alertam os analistas do Standard Bank, motivar complacência face às reformas necessárias.

Até 2016 era bastante claro que alguns destes países exportadores de petróleo precisavam de implementar ajustamentos estruturais sérios, por exemplo baixando a despesa corrente cortando a proporção que ia para os salários, ao mesmo tempo que aumentavam as despesas de capital”, dizem, vincando que “o FMI implorou-lhes para baixarem os défices orçamentais”.

Se o tivessem feito, não teriam sentido de forma tão vincada a descida dos preços do petróleo, alertam, acrescentando que “alguns destes países estão a ser salvos pelos preços mais altos, e os decisores políticos podem começar a acreditar que já não é preciso avançar com as reformas”.

A evolução dos preços também é interessantes de acompanhar por outras razões, como a tentação de “adotarem políticas populistas” dado o aumento de receita não orçamentada que provavelmente chegará a estes países produtores, como os lusófonos Angola e Guiné Equatorial.

“Quando os preços estavam mais baixos, era relativamente fácil para muitos governos introduzirem reformas sobre os subsídios aos combustíveis que removiam, ou reduziam significativamente, os subsídios governamentais”, diz o Standard Bank, concluindo que “agora que o petróleo de Brent está perto dos 80 dólares, e há pedidos esporádicos para o preço chegar aos 100 dólares, a determinação destes governos em garantir que os consumidores pagam o preço total do combustível será testada”.