O Teatro Municipal São Luiz (TMSL), em Lisboa, prepara-se para assinalar 125 anos, numa celebração que se estenderá por duas temporadas e implicará uma reflexão sobre o futuro, afirmou esta terça-feira a diretora artística, Aida Tavares. Num encontro com jornalistas para apresentar a temporada 2018/2019, Aida Tavares explicou que parte da próxima programação já será de celebração dos 125 anos do teatro municipal, numa perspetiva de “fixação da memória”.

“Vai ser uma edição muito especial, porque falará da memória, mas também abordará aquilo que deve ser no futuro o próprio teatro. Não se trata de uma edição que vai compilar só imagens ou a história, cronologicamente organizada, do que foi o historial deste teatro. É um objeto que vai estar muito para além disso”, sublinhou a diretora artística.

Essa celebração sobre o teatro acontece num momento em que a autarquia de Lisboa reestrutura a rede de teatros municipais, como forma de preservar a memória, racionalizar recursos e criar públicos para o teatro, como sublinhou em janeiro a vereadora da Cultura, Catarina Vaz Pinto, em entrevista à agência Lusa.

Essa reestruturação implica, por exemplo, nova vida para o Teatro Municipal Maria Matos, para o Teatro Capitólio e para o Teatro do Bairro Alto e a reabertura do Teatro Luís de Camões (LU.CA), ocorrida este mês, com uma programação específica para os mais novos.

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Questionada pela Lusa sobre o posicionamento do TMSL nessa reestruturação, Aida Tavares disse que “não há nenhuma alteração substancial naquilo que é a programação”. “É sempre um momento de reflexão, quando há um projeto novo a acontecer na cidade. Tem que se olhar sempre para a escala da cidade. Se há novos parceiros e novos projetos na cidade, naturalmente têm de ser olhados e tem de haver articulação”, afirmou.

Quanto à programação, Aida Tavares explicou que a celebração dos 125 anos acontecerá a partir de abril – o teatro cumpre aniversário a 22 de maio – e estender-se-á até 2020. Com a programação de celebração a ser anunciada em pormenor no início de 2019, sabe-se, por exemplo, que o Teatro do Vestido, de Joana Craveiro, prepara o projeto teatral “Ocupação”, a estrear-se em abril, e ao Teatro Praga foi encomendada uma peça de teatro de revista, para maio.

Anabela Mota Ribeiro e André Teodósio vão comissariar em julho uma nova edição de “Estar em casa”, com uma programação ininterrupta de música, teatro, cinema, oficinas e conversas em vários espaços do teatro. A temporada regular 2018/2019 do São Luiz arranca em setembro e terá sobretudo teatro, com 16 estreias, das quais três são encomendas do teatro municipal. Haverá um novo festival de jazz e, por opção, menos programação internacional.

Shakespeare no arranque

A estreia em Lisboa de “Timão de Atenas”, de Shakeaspeare, com encenação de Nuno Cardoso, marca o começo de temporada, com Aida Tavares a destacar, nos meses seguintes, os regressos ao São Luiz do teatro O Bando, com “Gungunhana”, de Mia Couto, em outubro, e dos Artistas Unidos, com “Do alto da ponte”, de Arthur Miller, em janeiro.

Destaque ainda para a estreia na encenação de Nuno Nunes com a adaptação de “O arranca-corações”, de Boris vian, em fevereiro; e para a apresentação em janeiro, fora de portas (na Voz do Operário), do espectáculo “Limbo”, de Sara Carinhas, que contou com a participação de migrantes e refugiados no processo criativo. Ainda no teatro, em junho o Teatro Meridional apresentará “Histórias em Lisboa” e a Escola de Mulheres encenará “Gertrude Stein”, de Win Wells.

Na música, o São Luiz organizará em março, em parceria com o Hot Clube de Portugal, o primeiro Festival de Jazz de Lisboa, com um programa de concertos de músicos portugueses e estrangeiros ainda por anunciar. O São Luiz voltará a focar-se numa programação pensada para os mais novos, por perceber que há procura na cidade, tendo em conta que nas últimas quatro temporadas se somaram mais de oito mil espectadores, entre escolas e famílias, como explicou a programadora Susana Duarte.

Deste programa específico destaca-se a peça de teatro “É pró menino e prá menina”, de Catarina Requeijo, que será estreada em janeiro, destinada a crianças entre os 03 e os 06 anos, e que abordará questões sobre identidade de género. Patrícia Portela encenará “Por amor”, em dezembro, Joana Craveiro apresentará “Era uma vez um país assim”, em abril, e Carla Galvão e Filipe Raposo retomam “A menina do mar”, de Sophia de Mello Breyner Andresen, em fevereiro.

Outros livros para a infância terão uma versão encenada no São Luiz. A saber: “Os livros do rei”, de David Machado e Gonçalo Viana, com criação de palco em outubro, por Raimundo Cosme, e “O convidador de pirilampos”, de António Jorge Gonçalves, a partir do livro que ilustrou para Ondjaki, em junho. Os bilhetes para a nova temporada estarão à venda a partir de 01 de agosto, mas o teatro municipal terá assinaturas disponíveis entre 15 de junho e 15 de julho.