O Teatro S. Luiz, em Lisboa anunciou esta segunda-feira a sua programação para a primeira metade de 2024. De Martim Sousa Tavares a Marco Martins, com passagem por uma encenação de Fabio Condemi a partir de texto de Pier Paolo Pasolini e de uma nova criação do Teatro Nacional Dona Maria II, ao todo serão 18 as peças que constam do programa do teatro municipal entre janeiro e julho de 2024 (dez das quais em estreia absoluta). Há ainda espaço para óperas, conferências, dança e concertos, naquele que o novo diretor artístico do S. Luiz, Miguel Loureiro, dizia em agosto ao Observador querer tornar num espaço multifacetado, “de festa, vinho, rosas e poesia”.

Miguel Loureiro, novo diretor do São Luiz: “O teatro devia ser um sítio de festa, de vinho, de rosas e de poesia”

Na programação do primeiro semestre de 2024 do S. Luiz perpassa a presença do maestro Martim Sousa Tavares, ao abrigo do programa Foco Maestro, uma novidade da nova direção artística que, na primeira edição, dá ao também diretor musical e divulgador cultural “carta branca” para definir alguns momentos da programação.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A 20 de fevereiro e a 3 de março, Sousa Tavares e Hugo van der Ding são Duas Pessoas a Dar um Curso de Cultura (Em Geral), uma oficina em duas sessões que se versará, com humor à mistura, sobre “a história dos últimos dois mil anos das artes e do pensamento ocidental”. A 4 e 5 de maio, o maestro é o anfitrião de A Escuta Ecológica, autodescrita como palestra-concerto e espetáculo multimédia, focado em explorar o cruzamento do som com a natureza e dedicado ao trabalho do compositor norte-americano John Luther Adams.

A primeira edição do Foco Maestro termina com dois concertos dirigidos pelo maestro. O primeiro, a 22 de junho, é uma colaboração com os Capitão Fausto, numa reedição do formato que já tinha sido apresentado em 2020, no Campo Pequeno, e em 2022, no Super Bock Super Rock; no segundo, a 25, Sousa Tavares dirige a orquestra do Algarve num concerto dedicado a Schubert.

E se Sousa Tavares representa a música paredes-meias com o teatro, outros momentos de programação há que são o seu inverso. Quis Saber Quem Sou, uma produção do Teatro Nacional D. Maria II com texto e encenação do seu diretor, Pedro Penim, integra o ciclo Abril Abriu e levanta o título do verso que abre a E Depois do Adeus de Paulo  de Carvalho, numa exploração das canções, cânticos e palavras de ordem que também fizeram a revolução, 50 anos depois. A interpretação está a cargo de Bárbara Branco, Joana Brito e Silva, Manuel Coelho.

Em junho, também Marco Martins irá apresentar no S. Luiz a sua mais recente produção. A peça, que ainda não tem título (o nome provisório é Yes or Less: É 01:00 da Manhã e Não Quero Regressar a Casa) parte do Ulysses de James Joyce, que em si dialoga com a Odisseia de Homero, gira em torno “das circunstâncias e experiências de um grupo de jovens acolhidos institucionalmente” e será interpretada por um elenco não-profissional.

Calderón, uma tragédia em verso de Pier Paolo Pasolini, com encenação e conceção de figurinos de Fabio Condemie, e uma peça a partir do texto inédito A velhice, de Gonçalo M. Tavares, pela Momento — Artistas Independentes, com criação e encenação de Diogo Freitas, constam também da programação anunciada esta segunda-feira pelo diretor artístico do S. Luiz, Miguel Loureiro, acompanhado de artistas que vão estar em palco no teatro.

Na programação de janeiro a julho de 2024, há espaço para várias estreias: It’s not over until the soprano dies, pela Mala Voadora, a 12 de janeiro, À procura de Chaplin, de Rita Calçado Bastos, a 28 de janeiro, That’s all, folks!, pela Plataforma 285, em 28 de fevereiro, Retábulo, de Miguel Castro Caldas, e Os demónios não gostam de ar fresco, de Maria Quintans, sob direção de Albano Jerónimo e Cláudia Lucas Chéu.

Catarina Eufémia, de Cláudia Gaiolas, produção integrada no ciclo Anti-princesas, Irmã Palestina, da trilogia 1001 Noites do Teatro O Bando, que terá a participação da Companhia Olga Roriz e da Banda Sinfónica Portuguesa, são outras estreias da temporada, a ocorrer respetivamente em 18 de abril e 30 de maio.

A peça Ruy de Carvalho, a história devida, em cena de 14 a 17 de março, será acompanhada da exposição Retratos Contados e de uma série de conversas em que o decano dos atores portugueses será homenageado.

Também em estreia, é apresentada a ópera Felizmente há luar!, com música e libreto de Alexandre Delgado, em cartaz entre 8 e 10 de maio. A obra é inspirada na peça em dois atos de Luís Sttau Monteiro, publicada em 1961, que decorre durante as lutas liberais do início do sécuo XIX. Distinguida com o Grande Prémio de Teatro da Sociedade de Escritores e Compositores Teatrais Portugueses, foi proibida pela censura da ditadura, e só chegaria aos palcos portugueses após o 25 de Abril.

As conversas têm início a 5 de janeiro com o crítico de teatro Tito Lívio, que inaugura um novo ciclo no Janelão do teatro, e incluem ainda a série O nosso futuro ainda humano, integrada na área de Pensamento, com Joe Paton, a 18 de janeiro, Fátima Vieira, a 8 de fevereiro, e António M. Feijó, a 7 de março, numa curadoria de Carlos Pimenta.

Na área da música estão anunciados Francisco Sassetti (26 e 27 de janeiro), Alex D’Alva Teixeira e Teatro Praga na homenagem a José Barata-Moura Fazer uma canção (7 a 11 de fevereiro), o espetáculo L’USAfonia, com artistas lusófonos a interpretarem o songbook afro-americano (27 de fevereiro), Nancy Vieira, que irá apresentar o seu novo álbum, Gente (8 de março), João Roiz Ensemble (17 e 18 de abril) e o Picadeiro Jazz (nos dias 1, de 5 a 7 e de 13 a 15 de junho). A 6 de março, haverá Tributo a Maria da Fé, com António Zambujo, Duarte e Francisco Salvação Barreto, no Museu do Fado.

Na área da dança, surgem os espectáculos Bibi Há Bibi, de 11 a 13 janeiro, de Henrique Furtado Vieira e Aloun Marchal, Caio Tone Reprise, de Sílvia Real e Sérgio Pelágio, de 15 a 19 maio, mais o programa da Escola Superior de Dança, com Tânia Carvalho, de 5 a 7 de julho.

Da programação do S. Luiz consta ainda a realização do Festival Internacional de Marionetas e Formas Animadas (FIMFA), de 11 a 2 de junho.

O último espetáculo desta fase da programação do S. Luiz, fica em cena de 11 a 14 de julho, com a peça “Mulheres de Shakespeare”, de Fátima Vieira e Matilde Real, numa criação da Ensemble Sociedade de Atores.