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Preparou-se para morrer em 2015, mas beneficiou de uma nova imunoterapia. A sobrevivente de cancro que é caso único

Este artigo tem mais de 5 anos

"Durante o outono de 2015, os meus únicos planos eram ver televisão e ler livros compulsivamente até morrer." Depois, Judy Perkins livrou-se de um cancro da mama metastático. "Estou curada. É surreal"

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Judy Perkins sabe que o cancro pode voltar, como já voltou antes, mas por enquanto celebra o sucesso de uma nova técnica de imunoterapia. Esta engenheira norte-americana foi a primeira a ser submetida a um ensaio clínico com um tipo de tratamento que nunca tinha mostrado grandes resultados com o cancro da mama. No seu caso resultou e agora conta a sua história. Os cientistas que realizaram o ensaio clínico publicaram os resultados na passada segunda-feira na revista Nature Medicine.

Usar duas imunoterapias para vencer um cancro da mama difícil

O primeiro diagnóstico de cancro da mama foi feito em 2003. Ainda não era sequer um cancro, conforme lhe disseram os médicos, mas fez uma mastectomia (remoção completa da mama) do lado esquerdo. Nunca ninguém está preparado para uma notícia deste tipo, mas Judy Perkins convenceu-se ao longo da década seguinte que seria capaz de vencer a doença. “Pensei que era um assunto resolvido”, disse a engenheira norte-americana à rádio NPR.

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Estranhou quando voltou a sentir um módulo no peito. É que esse nódulo estava localizado do mesmo lado onde tinha sido feita a mastectomia. O médico nem queria acreditar e não sabia como lhe dar a notícia: o cancro tinha metastisado e ela não teria mais de três meses de vida. O espírito positivo que a tinha acompanhado da primeira vez foi fortemente abalado. “Tornei-me uma doente de cancro metastático. Isso foi duro.”

“Durante o outono de 2015, os meus únicos planos eram ver televisão e ler livros compulsivamente até morrer.” É assim que Judy Perkins começa a sua história na revista Woman’s Health.

A mulher, agora com 52 anos, tentou todos os tratamentos disponíveis, dos convencionais tratamentos hormonais e de quimioterapia a tratamentos experimentais, mas nada resolvia o seu problema. O cancro estava espalhado por todo o corpo: o nódulo do lado esquerdo do peito estava a pressionar um nervo e fazia doer o braço de cada vez que o mexia, no fígado chegou a ter uma massa tumoral do tamanho de uma bola de ténis, mal conseguia andar.

Em cima, à esquerda: o cancro da mama a invadir a parede do tórax. Em baixo, à esquerda: lesões metastáticas no fígado (setas amarelas). À direita: as mesmas partes do corpo, passados 14 meses do tratamento, não mostram qualquer lesão – NCI-NIH

Saiu do quarto que partilhava com o marido: os seus ciclos de sono estavam demasiado alterados e não queria perturbar o seu descanso. Além disso, precisava de preparar um quarto onde lhe fosse possível ter acesso a todos os cuidados de saúde à medida que o cancro fosse ganhando mais um pedaço do seu corpo.

Confessa que uma parte de si tinha perdido a esperança e queria desistir, até que ouviu falar do ensaio clínico que estava a ser realizado pela equipa dos Institutos Nacionais de Saúde norte-americanos. A ideia era usar uma técnica de imunoterapia que ainda não tinha funcionado bem com cancro da mama, mas com algumas alterações que podiam tornar o tratamento mais eficaz.

Tratamento de imunoterapia de Judy Perkins

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  1. Realizou-se uma biópsia ao tumor para poder identificar os genes que tinham sofrido mutações.
  2. Da biópsia isolaram-se os linfócitos e identificaram-se aqueles que era capazes de combater as células cancerígenas.
  3. Os linfócitos mais eficazes no combate ao cancro foram multiplicados até chegar às 90 mil milhões de células.
  4. Antes do tratamento de imunoterapia, a doente recebeu um tratamento de quimioterapia como medida de preparação.
  5. O exército de linfócitos foi injetado na doente. Para ajudar os linfócitos a sobreviver e não serem travados na luta contra as células cancerígenas foram usados outros medicamentos de imunoterapia.

Nature Medicine

O tratamento começou em dezembro de 2015, mas ao contrário da quimioterapia, este tratamento teve efeitos secundários severos. Um dos medicamentos, a interleucina, usada para potenciar o sistema imunitário, causou efeitos semelhantes aos de uma gripe grave, como febres altas, mal estar geral e tremores incontroláveis.

Mas valeu pelo resultado final. Depois da passagem de ano já sentia os nódulos a diminuir de tamanho. Ao fim de poucas semanas já não precisava de medicamentos para as dores e conseguia passear na rua com o marido, em maio os médicos disseram-lhe que estava livre de cancro e ao fim de mais de dois anos ainda não voltou a ter sinais da doença.

O sucesso, dizem os investigadores, deve-se ao facto de se terem concentrado nas mutações apresentadas pelas células cancerígenas e não no tipo de cancro em si. Assim sendo, torna-se uma metodologia replicável para outros tipos de cancro.

“Sou uma das sortudas”, disse Judy, natural da Flórida, à rádio NPR. “Tínhamos as células T no sítio certo à hora certa. E elas entraram e comeram o meu cancro todo. Estou curada. É surreal.”

Mas Judy Perkins conhece as limitações deste ensaio, apesar de toda a agitação que tem havido à volta da notícia desde que o artigo científico foi publicado. Duas das suas amigas, Janice Satterfield e Cindy Krieg, receberam o mesmo tratamento, mas não conseguiram sobreviver ao cancro da mama e às complicações associadas à doença.

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