Alguns cidadãos norte-americanos foram transferidos da cidade chinesa de Guangzhou para os EUA depois de terem surgido suspeitas de que possam ter sido afetados por um “ataque sónico” levado a cabo por outro país. A informação surge menos de um ano depois de os Estados Unidos terem acusado Cuba de ter perpetrado um ataque semelhante contra funcionários norte-americanos na embaixada de Havana.
A transferência de “um número de indivíduos” do consulado de Guangzhou foi confirmada na noite de quarta-feira por uma porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Heather Nauert. A decisão foi tomada depois de um “empregado ter sido vítima de um problema médico que é consistente com o que o pessoal americano em Havana, Cuba, experienciou“. A equipa na China está agora a ser acompanhada e os diplomatas que foram transferidos “estão a ser examinados para se conseguir uma avaliação profunda aos seus sintomas nos Estados Unidos”.
A notícia surge cerca de um mês depois de um primeiro funcionário do consulado de Guangzhou ter sido enviado para os EUA por revelar sintomas coincidentes com os dos funcionários da embaixada de Cuba que, diz o Departamento de Estado, são semelhantes aos que se sentem “depois de uma concussão ou um ferimento cerebral traumático”. Em Cuba, a equipa diplomática sentiu dores de cabeça, náuseas e perda de audição que ocorreram depois de terem sido ouvidos “sons estranhos”.
Ataque sónico? Funcionários da embaixada americana em Cuba com sintomas misteriosos
Esse detalhe levou os norte-americanos a suspeitar de um ataque sónico, que agravou profundamente as relações entre os dois países. “Acredito que Cuba é responsável, acredito nisso”, declarou o Presidente Donald Trump na altura.
O próprio secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, confirmou numa audição do Congresso que os sintomas que o primeiro funcionário de Guangzhou descreveu, em maio, “são muito semelhantes e totalmente consistentes com os sintomas clínicos que ocorreram com os americanos que trabalhavam em Cuba”, relembra o New York Times. Esta terça-feira, Pompeo anunciou a criação de uma equipa de investigação a estes eventos.
Esta série de incidentes, garante o mesmo jornal, tem feito vários representantes norte-americanos levantarem suspeitas de que a própria China, ou até a Rússia, possam estar por trás destes incidentes, incluindo o de Cuba. A confirmar-se tal cenário, as relações entre os Estados Unidos e um destes países ficaria gravemente comprometida.
O New York Times avança ainda que um dos funcionários transferidos, Mark Lenzi, alega já sentir sintomas desde abril e queixa-se de não ter tido conhecimento das suspeitas mais cedo. Lenzi e a mulher dizem sentir sintomas como dores de cabeça, insónias, náuseas e, por vezes, audição de sons estranhos, desde abril. Os sons em causa, explica o engenheiro de sistemas de segurança, assemelhavam-se a “berlindes a cair no chão”.