“Apresentarem a rescisão? Sim. Hoje? Ninguém estava à espera”. Alvalade sentiu esta segunda-feira o abalo de mais uma bomba entre o momento conturbado que o Sporting atravessa a todos os níveis. E esta pode ter sido a maior bomba de todas, não só pelo efeito direto da mesma mas por todos os estilhaços que deixará à sua volta, numa crise sem fim que assola os leões. Ainda assim, a frase supracitada foi a reunião mais comum entre as pessoas ligadas ao universo verde e branco com quem fomos contactando. Ou seja, ninguém colocava em causa esta possível rescisão, mas ninguém conseguia imaginar que seria neste timing.
Recuando uns dias, mais concretamente a quinta-feira, dia em que Bruno de Carvalho agendou mais uma conferência de imprensa para abordar vários temas do quotidiano leonino (Assembleias Gerais de dia 17 e 23, ordinária e destitutiva; nomeação da Comissão Transitória da Mesa; entrada de providências cautelares contra si nos tribunais; saída de Guilherme Pinheiro da administração executiva da SAD etc.), havia no Sporting dois grandes receios no que toca ao futebol. Um individual, outro coletivo. Que é como quem diz, que Bruno Fernandes avançasse para a rescisão e que esse movimento, quando se tornasse realidade, pudesse desencadear outras revogações de vínculo. Os dias passaram, os ânimos acalmaram. Até hoje.
Havia diferenças nos casos de cada um. Por um lado, William Carvalho fez uma espécie de marcha atrás no dia em que Rui Patrício e Daniel Podence rescindiram após ter a garantia, através do empresário, Pere Guardiola, que poderia ser negociado no mercado inglês (com Everton no topo das possibilidades, sendo que na semana passada surgiu um rumor de uma possível ida para o PSG… a custo zero); por outro, Gelson Martins tinha conhecimento de uma proposta vinda também de Inglaterra e que deveria ser suficiente para poder deixar Alvalade; por fim, e no caso de Bruno Fernandes, surgiu a informação no Correio da Manhã de que teria sofrido ameaças ou pressões à porta de casa, existindo mesmo fotografias que relatavam o caso. Esta segunda-feira, rescindiram os três, sendo que esta decisão, depois de ter sido congelada antes da viagem da Seleção Nacional para a Rússia, onde irá disputar o Campeonato do Mundo, deveria ter sido tornada pública apenas amanhã, terça-feira.
Acuña e Battaglia vão sair do Sporting. Com rescisão ou vendidos, é a dúvida
Nesta altura, o Observador conseguiu já confirmar que existem pelo menos mais três rescisões na calha: Acuña, que se encontra concentrado na seleção argentina mas que entregará a carta de revogação unilateral até quarta-feira (sendo provável que avance antes); Bas Dost pode ser o próximo também a alegar justa causa para denunciar o contrato; e Battaglia, que tal como o extremo argentino mostrou a indisponibilidade para continuar em Alvalade depois de tudo o que aconteceu, esperava apenas por mais desenvolvimentos sobre uma possível saída da Espanha (Betis), mas que pode “antecipar-se” a essa venda caso o negócio não se concretize entretanto. Mathieu também foi um nome avançado ao final da tarde pela TVI24, através de Pedro Sousa.
Recorde-se que, no seguimento de toda a crise aberta depois da derrota na Madeira, Rui Patrício e Daniel Podence já tinham também apresentado a rescisão. Ou seja, e confirmando-se os restantes quatro nomes que estão a ser agora veiculados, sobram poucos, muito poucos, titulares do Sporting da última temporada: o lateral italiano Piccini, que poderá deixar o clube em breve por um valor a rondar os 15/20 milhões de euros, e Coates (Fábio Coentrão estava emprestado pelo Real Madrid). Em paralelo, a confirmarem-se estes dados, os leões verão as três maiores contratações da sua história a apresentarem rescisão por justa causa: Bas Dost, que custou dez milhões de euros mais bónus até 12; Acuña, 9,6 milhões; e Bruno Fernandes, 8,5 milhões.