Enquanto vai jogando de forma ativa no xadrez político, o Sporting não esquece também a parte desportiva e um dos principais (provavelmente o maior) danos colaterais de todo este período de crise no clube: a possibilidade de alguns jogadores poderem avançar com rescisões unilaterais de contrato após terem sido vítimas de agressões na Academia, no dia 15. Até agora, não houve ainda nenhum caso de desvinculação com os leões, mas a SAD verde e branca vai preparando opções e planos B caso isso se venha mesmo a confirmar, até meio de junho. E há dois jogadores na linha da frente neste capítulo: os argentinos Marcos Acuña (que vai ao Mundial) e Rodrigo Battaglia.

Recuperando o que tínhamos escrito após a derrota do conjunto de Alvalade na final da Taça de Portugal, frente ao Desp. Aves, vários órgãos falavam na possibilidade de haver uma espécie de debandada do núcleo duro do plantel de Jorge Jesus, mas as posições, a partir do momento em que a ideia de avançar com uma rescisão em bloco caiu entre o plantel, colocaram-se em perspetivas distintas: Rui Patrício e William Carvalho, por exemplo, não pretendem ficar mas preferiam um cenário de venda, com o Sporting a beneficiar ainda da alienação dos seus passes; da parte dos dois argentinos, a postura em relação à rescisão é diferente e avançarão com a mesma caso nada seja feito, considerando que têm razões mais do que suficientes para justificar essa mesma desvinculação.

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O principal motivo entronca numa questão de segurança. No início da semana, o Sporting anunciou uma série de medidas que visam reforçar as medidas de controlo na Academia, mas o jornal Record (conteúdo fechado), citando fontes próximas do jogador que se encontra nesta altura concentrado com a seleção argentina, assegura que Acuña terá os papéis necessários alinhavados para avançar com a rescisão, apesar dos contactos de responsáveis verde e brancos nos últimos dias. Algo que, no caso de uma venda, poderá fazer mudar a ideia do jogador.

Este sábado, a mulher do ala esquerdo, Júlia Silva, chegou a publicar na sua conta do Instagram uma mensagem com ameaças: “O que estás a fazer é muito feio. E depois admiras-te de sofrer as consequências”.

El Huevo, como também é conhecido o antigo jogador do Racing, tem noção de que foi um dos alvos preferenciais no ataque dos cerca de 50 invasores da Academia, em Alcochete, não só por ter sido dos elementos agredidos por mais atacantes mas também pelos relatos dos próprios companheiros que, como o Observador revelou, explicaram que o nome do argentino foi gritado por várias vezes na altura em que tinham já entrado no balneário. Tudo começou ainda na Madeira, quando virou costas aos adeptos em desagrado com os insultos que a equipa estava a receber após a derrota com o Marítimo, prolongou-se no aeroporto Cristiano Ronaldo e terá registado ainda mais um capítulo nas garagens de Alvalade, no piso -2, quando a equipa aterrou nessa noite em Lisboa.

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Bruno de Carvalho já aludiu mais do que uma vez a essa possibilidade mesmo sem especificar nomes, deixando o exemplo de Bruma (que todos pensariam que teria razões para rescindir contrato, incluindo o especialista José Manuel Meirim) para mostrar que o Sporting irá defender até à última os seus interesses. Ainda assim, e enquanto se mantém aquilo que o presidente leonino descreveu de “silêncio ensurdecedor” dos jogadores, também existe a perceção de que o esquerdino que chegou esta temporada a Alvalade foi a segunda contratação mais cara de sempre do clube e vai estar no Mundial da Rússia, sendo assim um dos ativos mais valiosos do plantel.

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Na mesma posição está o médio Rodrigo Battaglia, que ainda chegou a entrar nos 35 pré-convocados de Sampaoli mas ficou de fora das opções do técnico argentino para o Campeonato do Mundo: os problemas começaram também na Madeira, depois do desaire com o Marítimo que relegou o Sporting para a terceira posição do Campeonato, e foi um dos principais alvos no ataque feito no balneário da equipa, na Academia. Apesar de ter sido um investimento mais baixo, o antigo jogador do Sp. Braga tem mercado e chegou a receber sondagens no mercado de Inverno, com os leões a colocarem uma fasquia de 20 milhões de euros como um princípio de base negocial. Todavia, com este cenário de uma possível rescisão, esse valor poderá baixar um pouco para resolver a situação.

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