No despacho que determina a prisão preventiva de mais quatro adeptos, no processo relativo às agressões em Alcochete, na Academia do Sporting, o juiz de instrução criminal do Tribunal do Barreiro aponta algumas responsabilidades ao presidente do clube leonino.
No despacho a que a TVI teve acesso, lê-se que “Tais comentários potenciaram um clima de animosidade que já existia entre a ‘Juve Leo’, os jogadores e a equipa técnica face a alguns inêxitos de resultados desportivos”.
O juiz afirma ainda que Fernando Mendes, o ex-líder da Juve Leo, que no processo é identificado como Fernando Barata, tinha incitado à prática de crimes violentos dias antes das agressões na Academia do Sporting.
Juiz fala no despacho num “espírito de terror” orquestrado pelos “presentes arguidos”, e refere-se aos autores das agressões enquanto “soldados”:
Envolvidos neste espírito de terror, os presentes arguidos engendraram o plano que colocou os ‘soldados’ à frente, de cara tapada, ficando atrás, de cara destapada, conferindo os estragos e as vitórias que, pelo menos neste desafio, tiveram”, lê-se no despacho.
O juiz refere ainda que os atos dos arguidos “põem em causa” a prestação da Seleção Nacional no Mundial de 2018, disputado na Rússia, bem como a imagem da equipa a nível internacional.
Os arguidos sabiam que punham em causa a representação de Portugal no mundial de futebol na Rússia, denegrindo a imagem do futebol português perante os organismos internacionais, diminuindo as capacidades física e psíquica dos jogadores e prejudicando gravemente as aspirações de muitos portugueses na vitória da seleção.”
Nuno Torres, adepto do Sporting e condutor do BMW azul, assegura que foi Fernando Mendes quem organizou o ataque aos jogadores. Tanto ele como outro adepto, conhecido pela alcunha “Aleluia”, garantem que o ex-líder da Juve Leo lhes ligou a pedir que o acompanhassem a Alcochete no dia das agressões. Dos último quatro arguidos, apenas um não quis falar com o juiz.
De referir que, ao todo, o juiz decretou a prisão preventiva a 27 arguidos na sequência das agressões a Alcochete, suspeitos dos crimes de sequestro e terrorismo. Ainda assim, o juiz fala em 43 envolvidos.