O Pinhal de Leiria, grande parte destruído pelos incêndios de outubro de 2017, já recebeu 640 mil árvores plantadas por organizações da sociedade civil e Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), foi anunciado esta terça-feira.
Estamos a falar de várias espécies, o pinheiro bravo continua e continuará a ser espécie predominante, mas claro se estivermos a tratar de solos de melhor qualidade temos outras espécies autóctones, os sobreiros, os medronheiros e uma série de outras folhosas que foram aqui instaladas”, disse à agência Lusa o presidente do ICNF, Rogério Rodrigues. As 640 mil árvores foram plantadas numa área de cerca de 380 hectares.
“Ao mesmo tempo que a Comissão Científica [do Programa de Recuperação das Matas Litorais] está a estudar as linhas de desenvolvimento para este programa de recuperação, não podíamos deixar de acolher as enormes iniciativas de voluntariado e de mecenato que temos vindo a receber da sociedade, das pessoas individualmente, das associações, mas também das empresas e de outras organizações que acorreram junto do ICNF para poder prestar a sua ajuda”, declarou Rogério Rodrigues.
O presidente do ICNF reafirmou que este é um “contributo importantíssimo” que o instituto não poderia “deixar de acolher de imediato, sem condicionar aquilo que a Comissão Científica está a estudar”, escolhendo áreas específicas onde se sabe que “a regeneração natural não iria acontecer per si“.
Rogério Rodrigues assinalou que haverá “uma intensíssima regeneração natural em cerca de dois terços desta área e haverá sempre uma parte importante que terá de ser reflorestada com espécies autóctones e também com o pinheiro bravo”.
O responsável do ICNF salientou, por outro lado, que além do projeto de recuperação, há “uma tarefa hercúlea para os próximos dois anos, que é a exploração florestal de todo este manancial de área florestal de povoamentos ardidos”, situação que “mexe muito com a economia”.
Segundo Rogério Rodrigues, há “um volume de madeira que nunca Portugal teve em termos de pinheiro bravo e com um fortíssimo contributo, infelizmente, proveniente destas matas”.
“Condicionarão todos os trabalhos nos próximos ano e meio a dois anos, isto se nenhum fator exógeno nos condicionar ao nível das expectativas que temos e, após esse período, é que teremos os grandes trabalhos em torno da recuperação do pinhal”, referiu.
O Pinhal de Leiria, também conhecido por Mata Nacional de Leiria e Pinhal do Rei, é propriedade do Estado. Tem 11.062 hectares e ocupa dois terços do concelho da Marinha Grande. A principal espécie é o pinheiro bravo. De acordo com informação no sítio na Internet do ICNF, a primeira arborização data do século XIII, tendo sido feitas as grandes sementeiras no reinado de D. Dinis. No incêndio de 15 de outubro de 2017 ardeu 80% da sua área.