Anualmente, vemos chegar às lojas pelo menos dois títulos da Lego lançados pela Warner Bros. São jogos com uma fórmula bem definida e que, regra geral, diferem apenas dos universos utilizados para “sofrerem” uma transformação em Lego. Depois de Star Wars, Indiana Jones, Harry Potter, Marvel e DC, e dezenas de outras franquias da cultura pop, chegou agora a vez de The Incredibles.

Apesar de já existirem brinquedos e conjuntos da Lego de The Incredibles, foi com alguma surpresa que recebemos o anúncio do seu desenvolvimento para videojogo como preparação para a chegada do segundo filme. É, aliás, sobre este que recai a primeira metade do jogo, sendo a segunda dedicada ao filme original. Assim, que jogar o jogo, vai ter spoilers, visto que este chegou às lojas antes da estreia em cinema.

Quem afirma que “quem jogou um jogo da Lego já os jogou a todos” tem muita razão. Mas isso não invalida que cada novo jogo feito dentro de universos bem conhecidos não seja razão suficiente para nos divertirmos e passarmos algumas dezenas de horas a tentar descobrir os segredos ali escondidos. É essa a magia dos jogos da Lego: a de possuírem centenas de puzzles opcionais e um elenco imenso de personagens jogáveis, que surgem como objetivos extra para quem completa o jogo. Quem segue os jogos da Lego, quer terminá-los até tudo o que existe ter sido desbloqueado.

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Os jogos da Lego têm uma determinada fórmula, que já foi testada várias vezes, repetida, mas que é muito familiar. Cada uma das dezenas ou centenas de personagens, tem habilidades muito específicas, que permitem resolver situações e puzzles. No caso da Família Parr — os protagonistas de The Incredibles — o pai (Mr. Incredible) consegue partir paredes com a sua super-força e levantar paredes ou rochas. A mãe, Elastigirl, consegue esticar o corpo e ter acesso a condutas de ar condicionado e a locais inacessíveis aos restantes. Para passar cada nível e resolver cada puzzle (especialmente os opcionais), é necessária a cooperação de diversos personagens e das suas habilidades.

Depois de completados todos os jogos da Lego da Warner Bros. lançados até hoje, percebemos que este título é o mais simples e o mais fácil. Com um número menor de capítulos de história, o jogo pode ser completado em 20 e poucas horas, o que significa que é um jogos mais curtos da Lego. Para desbloquear as personagens e encontrar as peças de Lego douradas (que são os objetivos secundários extra de todos os jogos), é preciso uma grande dedicação. Neste Lego the Incredibles, grande parte está visível pelo mundo e são raros os que precisam de um quebra-cabeças para ser encontrados. Por um lado, esta suavização da dificuldade agiliza o processo de finalizar a 100% o jogo, mas há uma certa superficialidade lúdica que nos tira grande parte do desafio.

Curto é também o elenco de apenas 113 personagens disponíveis, quase todos do mundo de The Incredibles. Além das que são referidas no primeiro filme, este título inclui também todos aqueles que foram criados para o segundo. O único ponto fraco é o facto de que existem muitos vilões que são virtualmente desconhecidos, mesmo pelos fãs do filme. Para colmatar esta falha, os criadores de The Lego Invisibles decidiram incluir personagens de filmes da Pixar como extras desbloqueáveis, como Dory, Woody, Merida e Lightning McQueen.

O jogo decorre em mundo aberto, uma boa adição a este título que vem numa linha de continuidade com alguns jogos anteriores como Lego City Undercover e Lego Marvel Super Heroes 2. As duas cidades onde os filmes decorrem surgem completas e disponíveis para percorrermos sem limites. A liberdade de exploração passa também por resolver vagas de crime, ou não fosse este um jogo em que vivemos o papel de intrépidos super-heróis. O problema destas missões e do combate ao crime na cidade que vão surgindo é que são extremamente repetitivos e limitados, dentro três tipos de missões distintas.

Apesar de ser mais limitado e mais curto que a maioria dos jogos da Lego, Lego the Incredibles é um divertido jogo familiar que serve de ponte para a aguardada sequela do filme da Pixar. Sendo o primeiro dos dois jogos da Lego previstos para 2018, The Incredibles pode ser encarado como um bom aperitivo para o prato principal que nos chegará no final do ano: Lego DC Super Villains. Com um elenco interessante, ainda que maioritariamente desconhecido de todos, as suas óbvias limitações não o impedem de ser um divertido jogo, ainda que o mais fraco já produzido pela Warner Bros.

O jogo Lego The Incredibles está disponível para PS4, Xbox One, Switch e PC. Custa 59,99 euros

Ricardo Correia, Rubber Chicken