A última quinta-feira foi de ouro para a história da Louis Vuitton, marca fundada em 1854. Em plena Semana da Moda de Paris, um calendário preenchido por desfiles de moda masculina de algumas das principais casas internacionais, o designer norte-americano Virgil Abloh estreou-se na passerelle parisiense, depois de ter assumido, em março desde ano, a direção criativa da linha masculina da marca. O momento levou centenas de convidados aos jardins do Palais Royal, em Paris, entres eles celebridades planetárias, estendeu uma passadeira com todas as cores do arco-íris e reinventou-se o guarda-roupa masculino de uma casa centenária à luz das silhuetas de streetwear além Atlântico. A juntar à lista, Virgil, de 38 anos, é o primeiro designer negro a ocupar o cargo de diretor criativo da Louis Vuitton.
“O grande objetivo de uma primeira coleção, seja qual for o cenário, é começar de maneira a que as pessoas percebam o novo vocabulário”, escreveu o designer no Instagram, antes de começar o desfile. Na verdade, a nova linguagem que trouxe para a Louis Vuitton até exigiu um dicionário, nas palavras de Abloh, “uma definição de conceitos e uma exposição de ideias de forma liberal”, acrescentou. Seis páginas de conceitos definidos à maneira do criador. À semelhança das cores que pintaram a passerelle, também a diversidade cultural e étnica foi explorada no desfile. Juntamente com o novo léxico, nos assentos do público estava um mapa que assinalava as cidades de origem de cada manequim e dos respetivos pais. “Esta visão global da diversidade, ligada ao ADN de viagens da marca, é essencial para o meu conceito de desfile”, escreveu na mesma rede social.
https://www.instagram.com/p/BkSKAk6AGn7/?taken-by=virgilabloh
Pelos jardins do Palais Royal passou uma autêntica parada de color block, subordinado aos sistemas de cor primário e secundário. Este foi apenas quebrado por gangas e padrões florais. O grito de Abloh rompeu com a formalidade, relaxou a silhueta, ajustou-a a novos materiais e misturou peças de alfaiataria com itens futuristas. Brincou, sobretudo, com os acessórios. Foi muito além da pele castanha de que muitas malas e bolsas icónicas da marca são feitas. Chegou ao verde, ao vermelho e ao plástico e ainda recuperou clássicos do calçado, como as chelsea boots dos anos 60 e os ténis de basquetebol dos anos 80. Ao cruzamento de influências, Abloh juntou referências da cultura popular. O imaginário do filme “O Feiticeiro de Oz”, foi uma delas. É a herança que traz da sua própria marca, a Off-White, criada há cinco anos. A fronteira entre a moda de luxo e a de rua foi mais uma vez posta em causa e com ela a linha que separa o género da própria roupa.
Enquanto isso, a primeira fila encheu-se de admiradores e amigos. Kanye West, amigo e mentor de Virgil Abloh, como bem mostra o momento em que ambos se emocionaram no final do desfile, não foi sozinho. Kim Kardashian, Kylie Jenner e Travis Scott estiveram lá, tal como Rihanna, vestida a rigor com uma criação do designer, Naomi Campbell, ASAP Rocky, Bella Hadid, Rita Ora, Doutzen Kroes e Vincent Cassel. Os músicos ASAP Nast, Dev Hynes, Kid Cudi e Theophilus London também estiveram lá, mas no papel de modelos.