Continua a dança das cadeiras no universo da moda e a mais recente novidade vem do que poderíamos chamar o Olimpo, uma vez que a casa Givenchy anunciou esta segunda-feira a nomeação de Sarah Burton como nova diretora criativa. Numa publicação na rede social Instagram a marca, nome maior da Alta Costura, faz questão de escrever que a nomeação tem efeito imediato. A designer britânica, que esteve toda a sua carreira na casa Alexander McQueen, será responsável pelas coleções de mulher e homem da casa francesa e a sua primeira coleção será apresentada em março de 2025. “É uma grande honra juntar-me à bela casa Givenchy, é uma joia”, reage Burton na mesma publicação.
“Estou muito entusiasmada por poder escrever o próximo capítulo na história esta casa icónica e trazer para a Givenchy a minha própria visão, sensibilidade e crenças”, afirma Sarah Burton. A designer esteve 25 anos na Alexander McQueen e, em 2010 passou de braço direito do fundador a líder criativa da marca depois da morte de Lee McQueen. O designer ficou conhecido pela forma como misturava os seus profundos conhecimentos de alfaiataria com matérias-primas e inspirações inesperadas, mas sempre com grande mestria e no patamar do luxo. Burton seguiu as linhas mestras que até então tinham garantido o sucesso da marca, manteve o seu estatuto e até lhe acrescentou algum brilho já que se tornou designer da realeza pela mão de Kate Middleton, quando esta se tornou duquesa de Cambridge.
As tendências de moda são cíclicas e não só. A designer que fez a sua carreira até agora na marca britânica Alexander McQueen vai agora tomar as rédeas da casa de Alta Costura que na década de 1990 apostou no próprio McQueen como diretor criativo. A Givenchy foi comprada pelo grupo gigante de luxo LVMH em 1988 e em 1995 o fundador, Hubert de Givenchy, afastou-se. Bernard Arnault, o homem à frente do LVMH, colocou o jovem inglês brilhante, mas irreverente John Galliano à frente de uma lendária casa de Alta Costura francesa, e quando este passou para a casa Christian Dior foi substituído por Alexander McQueen. Entre 1996 e 2001 McQueen, também ele britânico, emprestou a sua genialidade à casa francesa. A Givenchy foi a faísca de uma época de revolução da Alta Costura.
Outro britânico viria a suceder a estes dois, Julien MacDonald. Mas foi o italiano Riccardo Tisci quem mais anos esteve ao leme da marca, mantendo-a viva e relevante entre 2005 e 2017 com a combinação de irreverência e savoir-faire da Alta Costura que no passado tinha resultado tão bem. Sucedeu-lhe Claire Waight Keller, outra britânica, que até 2020, quando decidiu retirar-se, conduziu as coleções da casa regressando a uma elegância tranquila. O nome seguinte foi o do norte-americano Matthew Williams, mas a marca anunciou que o designer estaria de saída no final de 2023. Quase um ano depois a busca pelo próximo talento terminou e surge agora, Sarah Burton, a oitava designer a tomar a direção criativa da marca. Este é, sem dúvida, uma no de mudança para a Givenchy que já no passado mês de julho ganhou um novo CEO, Alessandro Valenti, vindo da Louis Vuitton, também uma marca do grupo LVMH.
Para os seguidores da realeza esta notícia tem um segundo significado, já que Sarah Burton trabalhou até há um ano na casa britânica Alexander McQueen e foi a responsável pelo vestido de noiva de Kate Middleton. Burton tornou-se desde logo a designer de eleição da nova duquesa de Cambridge que conta com várias peças McQueen no seu guarda-roupa, algujas para ocasiões muito importantes. Agora muda-se para a Givenchy, que em 2018 fez o vestido de noiva de Meghan Markle, com assinatura da designer britânica que na altura lá estava, Claire Waight Keller.
Demasiado simples? O vestido de Meghan tem mais assunto do que pensávamos
Uma nova fase de semanas de moda acaba de arrancar em Nova Iorque, mas não são as tendências para a próxima primavera-verão que estão a dar que falar, são mesmo as mudanças nos ateliers. Há poucos dias a Tom Ford anunciou Haider Ackermann como novo diretor criativo. O designer francês de origens colombianas disse ter um “tremendo orgulho” no seu novo trabalho e que Tom Ford é alguém que muito admira e por quem tem “o maior respeito”. Ford, o fundador que há mais de um ano decidiu deixar a moda, diz-se um “fã do trabalho de Haider”, segundo se pode ler numa publicação na conta de Instagram da marca. Ackermann, que já este verão tinha sido notícia pela nomeação como o primeiro designer ao leme da Canada Goose, sucede agora a Peter Hawkings na Tom Ford.
Outra movimentação dos últimos dias é a saída de Glenn Martens da Y/Project ao fim de 11 anos na direção criativa da marca. Mas o mercado de verão na moda já vem dando que falar há semanas. No último dia de julho foi a Blumarine que anunciou a contratação de David Koma como diretor criativo. Alguns dias antes foi a marca de calçado Sergio Rossi que apresentou Paul Andrew como novo homem do leme fazendo referência numa publicação de Instagram ao seu preenchido currículo profissional, sem esquecer que fundou a sua própria marca em 2013. Em junho foi a vez de a Lanvin anunciar a entrada do britânico Peter Copping para diretor criativo e já em maio ficou o duplo anúncio da contratação de Veronica Leoni como diretora criativa da Calvin Klein, bem como o regresso da marca aos desfiles de moda.
Fica ainda uma importante cadeira por preencher. Desde que a saída de Virginie Viard da Chanel foi anunciada no passado mês de junho, aguarda-se com expectativa quem será o próximo nome a liderar a icónica casa francesa. Alguns nomes também estão no mercado sem sabermos se ou quando voltaremos a ver as suas criações como é o caso de Pier Paolo Piccioli, que deixou a casa Valentino no passado mês de março, ao fim de 25 anos.