Mariana Secca (Maro), lisboeta de 23 anos, edita no sábado a terceira parte de um álbum de estreia, sem título, que tem sido disponibilizado desde março nas plataformas digitais em três volumes de canções. A estreia em palco acontecerá a 6 de julho, no Teatro Capitólio, em Lisboa, e, no dia 8, na Casa da Música, no Porto.

O álbum está organizado de forma cronológica e resume tudo aquilo que Maro compôs desde os primeiros temas da infância até 2017, ano em que terminou os estudos na escola de música de Berklee, nos Estados Unidos.

A primeira música do álbum, intitulada “Deixa” para voz, guitarra e harpa, foi escrita pela cantora aos 12 anos, e as mais recentes, do terceiro volume, já refletem “a celebração de uma escolha” em viver para a música, como contou em entrevista à agência Lusa.

Maro – alcunha que adotou como nome artístico – nasceu num ambiente familiar marcado pela música, com uma avó pianista, a mãe professora e pai músico não profissional. Começou a estudar piano aos quatro anos, fez conservatório, aprendeu sozinha a tocar guitarra e a cantar e, num impasse a caminho de um curso de veterinária, decidiu escolher a música. Inscreveu-se e foi admitida na escola de Berklee, em Boston, com apoio de bolsas de estudo, onde viveu três anos e completou o curso em dezembro passado.

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“Acabou por não ser difícil, porque foi uma descoberta tão feliz perceber que era mesmo isto que queria fazer. Ir para a América, sim é longe, mas já não interessava. Estar longe da família, sim é difícil, mas isto era o que eu queria mesmo fazer”, contou. Para a cantora, o melhor dessa experiência, que quer agora capitalizar num percurso em nome próprio, foi “tocar com pessoas de culturas muito diferentes, que falam línguas diferentes, que comem coisas diferentes”.

Apesar da distância com Portugal, Maro teve a Internet como âncora de contacto, sobretudo como forma de ir divulgando todas as canções que foi compondo ou reinterpretando. No Youtube é possível encontrar vários vídeos com gravações amadoras, muitas deles acompanhada de músicos da escola norte-americana, com quem gravou o álbum.

Foi em Berklee que gravou, e na Internet divulgou, várias séries de vídeos em que interpreta Mário Laginha, Bernardo Sassetti, Rui Veloso ou José Afonso, mas também surgem versões dos Radiohead, de Ornatos Violeta ou de Quim Barreiros, ao piano ou com guitarra acústica.

“Eu sinto que por ter tantas influências e por ouvir músicas tão diferentes, também o que vou fazer vai ser um bocadinho assim. (…) Quero imenso aprender com pessoas que tocam outras coisas e fazer parte disso e trazer isso para a música que me sai mais naturalmente”, explicou.

Atualmente vive em Los Angeles, na Califórnia, numa fase de “descoberta, entrar de cabeça e ver no que dá”. “Comecei a dar aulas para juntar algum dinheiro, de resto é ir a sessões, gravar, escrever, trabalhar em casa, ir conhecendo pessoas que inspiram. Um bocadinho sem planos” durante o próximo ano, referiu.

Tendo a Internet como “o maior aliado”, Mariana Secca está ainda a tentar criar a própria editora independente, para continuar a editar as composições dela ou com outros músicos. Diz que tem pelo menos seis álbuns a editar nos próximos meses, um deles já em julho, “de música eletrónica, r&b, pop”.

“Eu quero sempre fazer isto pela música e depois tentar moldar o resto à criatividade. Sendo independente isso é completamente possível. Eu tenho imenso gozo em descobrir outros estilos. Eu quero completa liberdade para fazer o que eu quiser”, vincou.

Por tudo isto, agradece à quase obsessão em ser organizada e motivada. E agradece também ao músico brasileiro Milton Nascimento, de quem um dia ouviu o tema “Cais”, que a fez querer ser o que é hoje. “Ele é das razões mais óbvias pelas quais estou a cantar”.