PSD e Bloco de Esquerda estimam que seja preciso contratar mais de 5.000 novos profissionais de saúde para cobrir as necessidades da passagem às 35 horas de trabalho, considerando claramente insuficiente a contratação de 2.000 trabalhadores.
O deputado do Bloco de Esquerda Moisés Ferreira prevê mesmo que o Governo devia contratar entre cinco a seis mil profissionais de saúde para garantir o funcionamento dos serviços com a passagem dos trabalhadores da saúde das 40 para as 35 horas semanais a 1 de julho.
Na audição em comissão parlamentar de Saúde esta quarta-feira, o ministro Adalberto Campos Ferreira repetiu dados que tem revelado nas últimas semanas: serão contratados mais 2.000 profissionais a partir deste mês e foram contratados até final de maio 1.600 já a contar com as 35 horas de trabalho semanais.
“Não são necessários 2.000 profissionais apenas. São necessários entre 5.000 a 6.000 profissionais para garantir o funcionamento dos serviços. Não é uma reivindicação dos sindicatos, é a necessidade dos serviços”, afirmou Moisés Ferreira, em interpelação ao ministro da Saúde.
O Bloco de Esquerda considerou ainda que o Ministério da Saúde está a aplicar as 35 horas de trabalho semanais, mas a fazer depois com que os profissionais trabalhem muitas horas suplementares, que muitas vezes não são pagas, indo para uma bolsa de horas.
Também o PSD, pela voz do deputado Ricardo Batista Leite, estima que sejam necessários pelo menos 2.000 enfermeiros e 3.000 outros trabalhadores “para colmatar as necessidades básicas das 35 horas”.
A deputada do PCP Carla Cruz também considerou insuficiente a contratação de dois mil novos profissionais e pediu ao ministro para esclarecer quantos profissionais pretende contratar na anunciada segunda fase de contratações, a partir de outubro.
Ministro da Saúde remete para o outono eventual contratação de mais profissionais
O ministro da Saúde remeteu para o outono a eventual contratação adicional de trabalhadores para colmatar a passagem às 35 horas de trabalho, mas admitiu que não será possível este ano contratar o número desejável de profissionais. A ocorrer uma nova vaga de contratações de profissionais de saúde só acontecerá depois de avaliadas as necessidades, o que será feito setembro.
Desde o dia 1 de julho que alguns milhares de profissionais de saúde passaram do regime das 40 horas de trabalho semanais para as 35 horas, tendo o Ministério avançado com a contratação de cerca de 2.000 profissionais este mês para cobrir as necessidades, depois de anunciar que contratou outros 1.600 profissionais até junho já tendo em conta os novos horários laborais.
No parlamento, o ministro da Saúde disse hoje que em setembro será feita uma “aferição do que foi feito”. Depois, com base em “dados objetivos serão feitos antes do inverno os ajustamentos que devam ser feitos”.
“Provavelmente não haverá condições orçamentais para recrutarmos este ano todo o universo de profissionais desejável”, admitiu o ministro Adalberto Campos Fernandes.
Há cerca de duas semanas, também na comissão parlamentar de Saúde, o ministro tinha adiantado que haveria uma primeira fase de contratação agora em julho e que depois haveria outra fase em setembro.
Campos Fernandes escusou-se, contudo, a adiantar qual o impacto orçamental que terá a passagem dos profissionais para as 35 horas de trabalho semanais, apesar das insistências do deputado do PSD Ricardo Batista Leite.