Antoine Griezmann não está a ser propriamente a figura em maior destaque na seleção francesa, que chegou aos quartos de final do Campeonato do Mundo. Ou, pelo menos, não está a ter o protagonismo do Europeu de 2016, onde foi considerado não só o melhor jogador mas também o melhor marcador da prova, com seis golos. Porque há Kylian Mbappé, o fenómeno que igualou os números de Pelé com meia dúzia de arrancadas que partiram por completo a defesa da Argentina; porque há Varane, a quem já chamam de “Ministro da Defesa”; porque há Pavard, o jovem defesa de 22 anos do Estugarda que está a ser uma das maiores revelações da prova. No entanto, é de Griezmann que se fala na antecâmara dos quartos de final.

O avançado fez história na Rússia ao ser protagonista do primeiro penálti assinalado com a ajuda do VAR, num lance com a Austrália onde não só sofreu falta como converteu o castigo máximo. E, de forma paralela e “indireta”, protagonizou também durante o Mundial um momento que irá perdurar por algum tempo, quando anunciou através de um mini documentário feito pela empresa do central espanhol Gerard Piqué (que sofreu críticas de vários quadrantes pelo ato…) que tinha recusado o Barcelona para seguir a carreira no Atl. Madrid. Agora, terá pela frente aquela que é uma espécie de segunda equipa.

O primeiro penálti marcado com auxílio do VAR num Mundial foi sofrido e convertido por Griezmann (LUIS ACOSTA/AFP/Getty Images)

Nascido na cidade francesa de Macôn, Griezmann tem raízes alemãs do lado do pai, Alain, e portuguesas por parte da mãe, Isabelle, filha de um antigo guarda-redes do P. Ferreira, Amaro Lopes. Aliás, era recorrente o jogador de 27 anos vir no Verão de férias para o nosso País, o que colocou até em equação a possibilidade de representar a Seleção Nacional nas camadas jovens. Além disso, depois de ter começado a carreira nos modestos Mâcon e Mâconnais, mudou-se com 14 anos para Espanha, após dar nas vistas num jogo treino de captação em Paris pelo Montpellier, acabando a formação e estreando-se como sénior no País Basco pela Real Sociedad e passando para o Atl. Madrid em 2014 por cerca de 30 milhões de euros.

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Sempre teve uma admiração especial pelo Uruguai, ao ponto de ter a bandeira do país no seu Whatsapp, mas essa ligação ganhou outro peso pela relação que mantém com o capitão uruguaio Godín, não só companheiro de equipa mas também padrinho da filha, Mia. No ano passado, quando a alviceleste alcançou na última jornada da fase de apuramento da América do Sul a qualificação para o Campeonato do Mundo, foi esperar o compadre e Giménez ao aeroporto com a camisola do Uruguai.

O Diego é um grande amigo, estou com ele todos os dias no balneário e fora de campo. E é o padrinho da minha filha… Vai ser um jogo muito emocionante para mim, por tudo. Godín sabe tudo sobre mim e eu sei tudo sobre ele, vamos ter que nos concentrar em cada detalhe que teremos pela frente. É um país que adoro, são pessoas que adoro e será um jogo muito emocionante para mim”, comentou na antecâmara do encontro desta sexta-feira (15h), em Nijni Novgorov.

Tudo começou com o primeiro técnico que teve como sénior na Real Sociedad, Martín Lasarte, e teve prolongamento num ponto muito específico com um antigo avançado do Sporting, Carlos Bueno, com quem começou a beber mate quando estava ainda no País Basco. “Ele diz que é uruguaio! Estreou-se com Lasarte e teve sempre companheiros de equipa uruguaios, com quem foi ganhando hábitos como os churrascos, a música ou o mate, que até bebe mais do que nós”, confessou Godín.

Griezmann começou a beber mate com o ex-companheiro Carlos Bueno, que passou pelo Sporting (BENJAMIN CREMEL/AFP/Getty Images)

Com todo este background, Griezmann acabou por comparar o estilo de jogo do conjunto de Óscar Tabárez aos colchoneros de Diego Simeone. “No início, houve um dia em que tive de enfrentar um defesa mais duro, o Weligton. Lasarte disse-me que, se ele começasse a bater muito, para arrancar um bocado de relva, atirar contra ele e dizer que ia ser ele a comer aquilo. Quando sofri a primeira entrada mais forte, fiz isso e foi como se me libertasse (…) Adoro a forma como no Uruguai todos atacam e defendem, incluindo os avançados que vão fazendo algumas entradas quando perdem a bola e vão logo tentar recuperar (…) Eles vão perder algum tempo, vão cair algumas vezes, vão rodear o árbitro. É o jogo deles, é a mesma coisa do que o Atl. Madrid”, destacou. E foi aqui que Luis Suárez, a grande figura do ataque da alviceleste que não deverá contar com Edison Cavani, o herói do triunfo frente a Portugal, não gostou muito e acabou por responder de forma mais brusca.

Ele diz que é metade uruguaio, mas é francês. O Antoine não sabe a dedicação e o esforço dos uruguaios desde a infância para terem a possibilidade de alcançar sucesso no futebol. Ele desfruta dos nossos hábitos e pode falar a nossa língua, mas nós sentimos as coisas de forma diferente”, respondeu o avançado do Barcelona, que marcou frente à Arábia Saudita e à Rússia.