A presidente do Infarmed, Maria do Céu Machado, alertou esta terça-feira que uma deslocalização da instituição pode ser uma “ameaça à saúde pública” em Portugal e também no mundo.
Ouvida na comissão parlamentar de Saúde, a propósito de uma eventual deslocalização da autoridade do medicamento português de Lisboa para o Porto, anunciada pelo ministro da Saúde, a responsável deixou também duras críticas a um relatório pedido pelo Governo, que considerou superficial e opinativo.
As conclusões do relatório do grupo de trabalho nomeado pelo Governo para apreciar a deslocalização do Infarmed — Autoridade do Medicamento de Lisboa — para o Porto foram divulgadas na última semana de junho. Esta terça-feira, no parlamento, a responsável do Infarmed criticou duramente o documento, disse não entender os benefícios da deslocalização e alertou para perigos para a saúde pública, para custos e para perda de credibilidade do Infarmed e de Portugal.
Maria do Céu Machado começou por dizer que o facto de mais de 90% dos trabalhadores do Infarmed não quererem ir para o Porto não é por “birra” mas pelos custos pessoais, familiares e financeiros que a mudança acarreta. E depois, respondendo aos deputados, disse que “obviamente” com a perda de trabalhadores vai haver perda de produtividade e isso é uma ameaça à saúde pública em Portugal, mas também no resto do mundo, porque há muitos medicamentos pelos quais o Infarmed é responsável durante todo o ciclo de vida.
“Somos um país de referência na avaliação de medicamentos, quando o país é responsável por uma avaliação é responsável por esse medicamento. Se estivermos dois ou dois anos e meio num processo de deslocalização”, a quebra de atividade pode por “em risco” a segurança desse medicamento, o que levaria “a um problema” para todos os países da Europa e de outros países fora da Europa, avisou.