Sacha Baron Cohen, o comediante que ficou conhecido pelas personagens humorísticas ousadas como Borat, Ali G ou o ditador Aladeen, levou à demissão de Jason Spencer, presidente da assembleia do estado da Georgia, nos Estados Unidos. No segundo episódio da série “Who Is America”, Baron Cohen iludiu o político num treino fictício com uma das personagens que interpreta, Erran Morad, um israelita perito em anti-terrorismo, e levou-o a baixar as calças, mostrar o rabo e berrar a palavra “nigga” (que é considerada extremamente ofensiva em inglês, sobretudo para os negros) para afugentar extremistas homofóbicos.
[o excerto do episódio de Who is America em que se pode ver o treino fictício anti-terrorista que foi feito por Jason Spencer]
A demissão do americano é avançada pelo Journal-Constitution (e confirmada pelo The Guardian). Spencer é um republicano conhecido por querer no estado da Georgia uma lei para banir o uso da burka. No episódio, o político afirma que “tem de se combater o fogo com fogo” e que a legislação servirá para proibir que as pessoas não andem com a cara coberta e não ir contrariarem a primeira emenda da constituição americana (a liberdade de expressão).
Sem Borat, Brüno ou Ali G: Sacha Baron Cohen regressou para atormentar a América
Enganado pelo comediante, o político faz vários “treinos” antiterroristas, como utilizar um “selfie stick” para espreitar por debaixo das pernas de uma pessoa com burka para saber qual o seu sexo. Quando lhe é pedido para dizer a “n-word”, a tal palavra “nigga”, começa a berrá-la várias vezes a Sacha Baron Cohen, em frente às câmaras. O político tira também a calças, mostra os boxers e chega a destapar o rabo como um ato para afastar extremistas islâmicos (segundo o comediante, como todos os extremistas são anti-homossexuais, a forma mais eficiente para afastá-los é apontar para o rabo).
O episódio, tal como a série, foi recebido com controvérsia. Já quando foi revelado o trailer, no início do mês de julho, a ex-governadora do Alasca, Sarah Pallin, criticou o humor de Cohen por utilizar “truques” para ludibriar os entrevistados. A política foi uma das figuras americanas apanhadas pela personagem interpretada por Cohen.
Sacha Baron Cohen está de volta à comédia. Sarah Palin diz que o seu “humor” é “doentio”
Spencer perdeu as eleições primárias em maio, mas ia continuar até novembro no cargo. Numa declaração esta segunda-feira, Spencer já pediu desculpa “pelo episódio ridículo”.