“Em 1974 forma com um dos seus irmãos uma pequena empresa familiar no seu concelho, o que não o impedia de realizar trabalhos em Lisboa na área da construção, e que mais tarde haveria de expandir por todo o país e até no estrangeiro.
Em 1980 acabou por ficar sozinho no comando da empresa e decidiu alargar os seus horizontes à construção civil, agricultura, vinhos, inspeções de automóveis, turismo, entre outros.
Hoje é dono de um império gerindo negócios nas áreas da metalomecânica, construção civil, inspeção automóvel, agricultura, saúde, turismo e hotelaria que emprega mais de 700 empregados dispersos por 5 países.
Não se arrepende de ter ficado apenas com a 4.ª classe, pois sabe que o seu trabalho permitiu aos pais, gerir o seu universo familiar sem que nunca faltasse comida sobretudo aos mais pequenos. Contudo, é um homem que gosta de ler e de se manter atualizado sobre o mundo que o rodeia.”
Se dúvidas ainda existissem sobre uma das principais diferenças entre a candidatura de Fernando Tavares Pereira à presidência do Sporting e as restantes, as mesmas começam a ser dissipadas na forma como o empresário apresenta a sua história na página oficial do movimento “Unidos Venceremos”, que apresentou esta manhã de quarta-feira o programa eleitoral para 2018. E continuaram a ser ainda mais vincadas na apresentação dos cabeças de lista aos três órgãos sociais do clube.
“Esta é uma candidatura do Sporting profundo, nem sempre valorizado, algumas vezes incompreendido. O Sporting é muito mais do que Lisboa, que sendo importante não se resume a isso. Trocámos os holofotes do mediatismo pelos que sofrem de longe pelo clube. Não existe um Sporting de Lisboa, um do resto do País e outro do resto do mundo. Não existe o Sporting dos ricos e dos pobres. Estas listas representam o Sporting nacional, pluralista, que repudia qualquer estereótipo e rejeita qualquer tipo de elitismo. Fizemos mais de 15 mil quilómetros até apresentar o programa, que não é feito de nomes mas sim de pessoas e de sportinguistas”, foi explicado antes da introdução dos três nomes que ocupariam lugar na mesa do evento numa unidade hoteleira da capital, depois da prévia apresentação da candidatura feita em Coimbra, “no centro do País”.
“O Sporting está num momento delicado da sua existência por vários fatores e ninguém pode estar indisponível para o caso de ser chamado. A Mesa foi um órgão difícil no passado e será no futuro, mas reconheço nesta candidatura todos os ingredientes que são necessários para se tornar vitoriosa, sem envolver pessoas que tenham pertencido antes aos órgãos sociais. É uma candidatura que não está contra ninguém e fiquei impressionado com a experiência de vida de Fernando Tavares Pereira, que não está aqui para se promover nem para aproveitar oportunidades”, destacou o deputado socialista Vitalino Canas, candidato à liderança da Mesa da Assembleia Geral. “Esta é uma candidatura singular, que me transmite a importante ideia de que é o Sporting que manda no Sporting, não é a SAD”, acrescentou Mário Fontemanha, número 1 para o Conselho Fiscal e Disciplinar.
Fernando Tavares Pereira foi o último a ter a palavra na apresentação. Vincou a importância dos Núcleos para a vida do Sporting, destacou a independência da sua candidatura, confidenciou que já recusou antes dois convites para ir para o clube “por não ter então a disponibilidade necessária para ser uma mais valia” e colocou-se como uma espécie de candidato out of the box, que não está disposto a abdicar da sua lista e que representa um outro Sporting “muitas vezes esquecido”, com tudo o que isso representa de positivo e negativo, como o facto de “perder eleitorado” por não haver voto eletrónico nas capitais de distrito, por exemplo. “Essa é uma das coisas que ouvi nos 20 mil quilómetros que fiz e que vou mudar”, atirou, falando também na importância de uma segunda volta para fugir a possíveis realidades como a do vencedor ter menos de 50% nas urnas.
Hoje é um dia grande para o Sporting, pode estar a nascer aqui um grande futuro para o Sporting. Fizemos um trabalho de rua, porque o Sporting é continente, ilhas e restante universo Sporting, e percebemos que era difícil entregar um programa sem ouvir as pessoas, os sportinguistas e os seus problemas. Quem não sabe ouvir não sabe decidir. Somos uma candidatura de fora para dentro. Tivemos um trabalho de persistência, vontade, empenho e responsabilidade, aqui estamos hoje”.
“Sou um candidato de fora para dentro, que não está ligado a mais ninguém, isento de tudo e todos. O Sporting precisa de união, muito empenho e rigor para voltar a ser o que foi, um clube respeitado e com a casa arrumada. Não temos ninguém por trás, somos nós que pagamos a nossa campanha. E se for eleito não quero vencimento enquanto o clube tiver essa necessidade de se reorganizar”, garantiu, antes de centrar o discurso na importância dos Núcleos para o Sporting.
“Queremos dar mais vida e empenho aos Núcleos, com dez jogos com um terço dos bilhetes para os Núcleos, para as famílias irem mais a Alvalade e visitarem também a nossa história no Museu. São eles que dão alma e vida ao clube, e é por isso também que terão a possibilidade de beneficiarem de uma quota de 1,5 euros”, revelou, entre outros pontos como o cuidado com a vida social de antigos atletas que necessitem de maior ajuda ou a disponibilização do departamento clínico para filhos de sócios. Sobre o futebol, e explicando que não apresenta ninguém só para ganhar eleições, Fernando Tavares Pereira realçou ainda a importância de marcar presença em órgãos como a Federação ou o Conselho de Arbitragem (porque “o País precisa de nós e nós precisamos do País”) e de haver um melhor desenvolvimento da Academia, “a nossa fonte de receita e orgulho”.