Um incêndio de grandes proporções que deflagrou no domingo destruiu o Museu Nacional do Brasil, no Rio de Janeiro. “O arquivo histórico do museu, de 200 anos de história do país, foi totalmente destruído”, disse o vice-diretor do museu, Luiz Fernando Dias Duarte, pouco depois de os bombeiros terem lançado um alerta para o risco de desabamento do Museu Nacional, em consequência do incêndio que não causou vítimas, avançou a GloboNews.

O Presidente do Brasil, Michel Temer, já reagiu, em comunicado: “Incalculável para o Brasil a perda do acervo do Museu Nacional. Hoje é um dia trágico para a museologia do nosso país. Foram perdidos duzentos anos de trabalho, pesquisa e conhecimento. O valor para a nossa história não se pode mensurar, pelos danos ao prédio que abrigou a família real durante o Império. É um dia triste para todos brasileiros”.

Antes, o Ministério da Educação já tinha lamentado as consequências do incêndio no Museu Nacional “criado por D. João VI e que completa 200 anos este ano”. O mesmo ministério sublinhou que serão feitos todos os esforços para auxiliar a Universidade Federal do Rio de Janeiro, que geria o museu, no que for necessário para a recuperação do património histórico.

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A reitoria da universidade indicou que o incêndio começou por volta das 19h30 (23h30 em Lisboa) e que não há registo de vítimas.

O Ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, afirmou que um contrato de revitalização do Museu Nacional foi assinado em junho, mas não houve tempo para que o projeto pudesse acontecer e para que a “tragédia” fosse evitada. Segundo o governante, citado pela GloboNews, houve “negligência” em períodos anteriores. Já a presidente do Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional, Kátia Bogéa, falou numa “tragédia anunciada”.

O Museu Nacional é a mais antiga instituição científica do Brasil voltada para a pesquisa e memória da produção do conhecimento, hoje vinculada à Universidade Federal do Rio de Janeiro, pode ler-se no ‘site’ dedicado ao museu.

A sua história remonta aos tempos da fundação do Museu Real por D. João VI, em 1818, cujo principal objetivo era propagar o conhecimento e o estudo das ciências naturais em terras brasileiras. Hoje, é reconhecido como um centro de pesquisa em história natural e antropológica na América Latina.

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O museu detinha um acervo composto por mais de 20 milhões de itens distribuídos por coleções que servem de base para a pesquisa desenvolvida pelos Departamentos de Antropologia, Botânica, Entomologia, Geologia e Paleontologia, Vertebrados e Invertebrados.

Uma das peças que o museu conservava era Luzia, o esqueleto mais antigo (com cerca de 12 mil anos) já encontrado nas Américas — em Lagoa Santa, em Minas Gerais, em 1974. Pertence a uma mulher que morreu entre os 20 e os 25 anos e foi uma das primeiras habitantes do Brasil. Outra peça era o meteorito Bendegó, rocha de 5,36 toneladas encontrada em 1784, em Monte Santo, no sertão da Bahia. Estava na coleção desde 1888.

Incêndio. O que falhou no Museu Nacional brasileiro que o fogo destruiu

Grande parte das coleções do Museu Nacional foi reunida durante a Regência e o Império, entre elas as oriundas do “Museu do Imperador” localizado numa das salas do Paço da Boa Vista. D. Pedro II, tal como a Imperatriz Leopoldina, sua mãe, nutria grande interesse pelo colecionismo e pelo estudo das ciências naturais.