Luís Marques Mendes considera “imoral” a decisão do Governo em reter parte dos 50 milhões de euros que o Parlamento Europeu aprovou dar a Portugal pelos prejuízos com os fogos de 2017. No seu comentário semanal na SIC, o comentador disse que a opção não era “ilegal”, mas que constituía uma grande “injustiça”. A palavra utilizada por Marques Mendes é a mesma que Rui Rio utilizou para qualificar a decisão.

Rui Rio considera “imoral” que fundos europeus sejam desviados das vítimas dos incêndios

A polémica dos fundos europeus para os fogos foi um dos temas que marcaram esta semana. O Governo contabilizou as consequências dos incêndios florestais de 2017 e pediu ajuda à União Europeia para enfrentar os prejuízos, mas decidiu reter parte desse dinheiro, alegando que vai reforçar o material de combate aos fogos.

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Cabe ao Governo decidir onde aplicar fundos europeus

Para Marques Mendes há três grandes injustiças na decisão do Governo. Primeiro, disse esta noite de domingo, quando o Governo português concorreu aos fundos europeus fez contas aos prejuízos de todos os municípios afetados, “por isso o dinheiro devia ir todo para lá”. Por outro lado, o comentador realça o facto de também as vítimas dos fogos estarem a ter um tratamento diferenciado. “Uns estão a ser apoiados a 100%, outros a 60%”, critica, para explicar que as vítimas de Pedrógão e dos fogos registados em outubro do ano passado — dos quais resultaram 48 vítimas mortais — estarem a ser ajudados totalmente, enquanto as vítimas de outros fogos apenas recebem 60%.

Se as contas feitas por Bruxelas foram iguais para todos, todos devem ser ajudados de igual forma, considera o social democrata. O mesmo acontece em relação aos feridos graves de uns e de outros fogos. “Os feridos graves não podem ser os de Pedrógão, de outubro, e os outros. Têm que ser de todos. São três injustiças que o Presidente da República — que se tem dedicado a este tema — devia corrigir”, disse Luís Marques Mendes, deixando um claro recado a Marcelo Rebelo de Sousa.

Fernando Medina o “delfim”? Marques Mendes não acredita nisso

Marques Mendes voltou a referir-se ao tema dos passes sociais, uma semana depois de o presidente da câmara de Lisboa, Fernando Medina, ter anunciado ao Expresso várias propostas para alterar os preços dos transportes. O autarca falou numa redução do valor dos passes como solução para a mobilidade na capital, com recurso a subsidiação do Orçamento de Estado , mas — na opinião de Marques Mendes — essa “excelente ideia” parece ter resultado da preocupação de Medina em “encontrar uma notícia para a entrevista”. O comentador salientou que foram divulgadas diversas variantes na forma de subsidiação (proveniente do Orçamento do Estado em Lisboa ou no Porto e das autarquias noutros casos) e recordou que ainda na terça feira houve uma reunião dos concelhos da Área Metropolitana de Lisboa e de que lá não saiu qualquer acordo.

A jornalista Clara de Sousa perguntou-lhe se esta foi uma forma de António Costa lhe dar “palco” e se Medina se estaria a tornar “o delfim” do primeiro-ministro, como têm dito alguns analistas. Mas Marques Mendes garantiu ter uma opinião diferente: “Há duas pessoas que podem disputar a sucessão de António Costa: Fernando Medina, por um lado, e Pedro Nuno Santos, por outro”, disse. Costa “não vai nunca cometer a deselegância de tomar partido e toda a gente sabe que Pedro Nuno Santos tem mais força dentro do partido”, acrescentou, referindo-se ao último congresso do PS. “António Costa não vai servir de muleta e os partidos não são monarquias” para se garantirem sucessões, rematou.